Juventude tipo exportação
O caminho de sucesso trilhado pelo lateral Danilo, saindo do futebol de Juiz de Fora para passar por Santos e Porto, de Portugal, até chegar ao Real Madrid, é a nova referência de um sonho possível para uma geração de atletas formados na cidade. No embalo da Taça BH Sub-17, jovens jogadores se destacaram e começam a conquistar espaço no restrito mundo do futebol. Ao final da primeira fase da competição, o atacante Igor Rossignoli, 17 anos, embarcou com a delegação do Criciúma para Santa Catarina.
Agora, mirando o mercado internacional, um grupo de quatro atletas está de malas prontas rumo à Europa. Na próxima semana, todos embarcam para Portugal, onde farão testes no Benfica e no Sporting, agenciados pelo empresário Eduardo Silva. Caso não sejam aprovados, terão vagas garantidas no Rio Maior, clube da Segunda Divisão portuguesa, até o fim do ano, já que em 16 de janeiro vão poder passar por uma avaliação no Hertha Berlin, da Alemanha. Chance de ouro para se firmarem em equipes de primeira linha do Velho Continente.”É um sonho realizado. Quem vem de locais humildes não espera crescer profissionalmente. Graças a deus está dando tudo certo. Minha expectativa é chegar lá, mostrar tudo que eu sei e, quem sabe, ser aprovado e seguir minha carreira”, diz o atacante Aguinaldo Júnior, 17, que preferiu arriscar alto na Europa a aceitar um convite para treinar no Flamengo. “Tive uma conversa com meus pais, e optamos por ir para fora do país. Achamos que seria melhor tentar a vida em outro lugar. Aqui no Brasil a gente sabe como é. Essa foi uma oportunidade única e pesou na decisão.”
Experiente
Já o lateral-esquerdo Lucas Almeida, 18, já viveu uma oportunidade no exterior. Aos 15 anos, passou seis meses no Uruguai. Uma experiência que pode fazer a diferença daqui para frente. “Como já fiquei um tempo longe da família, me acostumei com isso. Também tem o frio, que é bastante parecido. As culturas são totalmente diferentes. Se precisar, posso passar para os outros meninos a experiência que eu tive, para que todo mundo possa se adaptar mais rapidamente.”
‘Com certeza será melhor que aqui’
Da campanha do Tupynambás na Taça BH, encerrada com o penúltimo lugar no grupo 5, o meia Julerson Dias, 17, e o atacante Marquinhos Reis, 16, têm o que comemorar. Os dois atletas despertaram o interesse do Criciúma, mas também preferiram embarcar no sonho do futebol europeu. “A Taça BH foi uma oportunidade muito boa. Foi uma vitrine para os jogadores. Achei muito bom ir para Portugal, por falarem nossa língua. Depois vamos para a Alemanha, que tem uma cultura bem diferente da nossa. Talvez pela estrutura e investimento, seja uma oportunidade melhor. O futebol europeu se desenvolve mais que o brasileiro. É uma chance muito grande para crescer como jogador e como pessoa”, avalia Julerson.
Longe de casa
Para Marquinhos, a oportunidade vai ser a primeira distante de Juiz de Fora. Com passagens por Tupi e Tupynambás, e mais recentemente pelo projeto de futebol da UFJF, o atacante se prepara para lidar com a ausência da família. “Meus pais falam que vão sentir muita saudade, mas me apoiam. Saudade bate em qualquer lugar. Mas é questão de costume. Conheço casos de atletas que rodaram o Brasil inteiro e nem puderam seguir carreira no futebol. Lá fora o trabalho é mais intenso e envolve muita inteligência, mas com certeza vai ser melhor que aqui. De lá posso passar para outros clubes, chegar até mesmo a um Barcelona, que é o sonho de todo o atleta.”
Timão, ê, ô
Com o mesmo sonho de chegar ao futebol profissional, o zagueiro Arthur percorre um caminho diferente. Aos 16 anos, o atleta de 1,80m não esteve na Taça BH, mas passou por Sport, Cruzeiro e América-MG antes de ser convidado para a equipe juvenil do Corinthians. Uma oportunidade valiosa de se consolidar e evoluir em uma das melhores estruturas de formação de atletas do Brasil. “O Corinthians tem um nível de estrutura muito maior do que os outros clubes em que já passei. Aqui existe integração da base com o profissional. Uma vez por mês os departamentos se juntam e escolhem os atletas que estão melhores para passarem uma semana treinando entre os profissionais. Agora é trabalhar ao máximo para evoluir e tentar subir para o profissional”, diz Arthur, que já se prepara para a segunda fase do Campeonato Paulista juvenil.