Vivendo cristãmente


Por COMUNIDADE ESPÍRITA A CASA DO CAMINHO, IRIÊ SALOMÃO DE CAMPOS

27/06/2015 às 07h00

Todos os ensinos de Jesus são repletos de reflexões altamente instrutivas. Por mais curta que seja a frase, seu alcance educativo é imensurável. Esses ensinos que abrangem todos os campos da vida humana, sem exceção, compõem o grande conjunto da revolução cristã. Viver cristãmente, eis a questão. Houve um tempo quando se trancar em mosteiros sob o jugo de penitências dolorosas julgava-se ser do agrado de Deus. Mais tarde, constituiu-se um “exército”, que, em nome de Deus, matou milhares dos chamados infiéis para a construção do reino. Posteriormente, a caça às bruxas e a todos que desafiavam o poder eclesiástico vitimou outros tantos milhares, em nome de sabe-se lá quem.

Sem pestanejar, observando as palavras de Jesus e as comparando com tais fatos da história humana, vemos claramente que não há nenhuma relação entre as partes. Os homens se petrificaram na esfera do seu próprio “eu”, sacrificando tantos em defesa de sua tênue e suposta verdade. Justo aqui cabe perfeitamente a palavra do Mestre ao afirmar: “Segue-me e deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos”. (Mateus,8:22). Claro que Jesus não disse para que se deixasse o cadáver enterrar o cadáver. Cadáver é carne sem vida, enquanto morto é aquele que abandona a vida, nessa sutil diferença está a grandeza da lição.

A cada dia, ao seguir pelas ruas, cruzamos por muitos mortos, pessoas que abandonam a vida efetivamente cristã, matando-se ao furtar a paz alheia, ao depredar a confiança do seu próximo, ao espoliar a alegria e a esperança do outro, ao invadir o interesse do amigo. Mata-se por furtar o tempo em indevida distração em vez de dedicar-se ao cumprimento da obrigação que lhe cabe. Utilizando-se da astúcia e maldade, almas endividadas com as leis de amor matam-se penetrando sutilmente nos corações desprevenidos, dilapidando seus patrimônios espirituais.

Deixemos os mortos com os mortos e sigamos o Cristo. É urgente e necessário que abandonemos o “eu” e saiamos a participar da luta coletiva na fraternidade humana. Para tanto, não há nenhuma vestimenta ou ritual. Precisamos sair, a cada dia, de nós mesmos, na busca de sentir a dor do irmão, a angústia do vizinho, a necessidade do próximo. Viver com todos, respirar, conversar, sorrir com quantos forem o máximo possível. Assim como fez o Cristo, que jamais escolheu, distinguiu ou excluiu qualquer pessoa.

Jesus caminhou, ouviu e falou com todos que dele estiveram próximos. Para não sermos como os mortos, é necessário que cedamos algo de nós mesmos em favor dos outros, mesmo que nada tenha sido feito em nosso favor, porque somente com o exercício do amor cristão se é capaz de vencer as barreiras pessoais e coletivas para solidificar a amizade e espalhar a fraternidade e a paz entre os homens de boa vontade.

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