Bloco Pintinho de Ouro homenageia 50 anos do Calçadão da Rua Halfeld em samba enredo
A concentração acontece dia 28 de fevereiro, a partir das 16h, em frente a Câmara Municipal
O tradicional bloco juiz-forano Pintinho de Ouro vai homenagear, neste ano, o Calçadão de Juiz de Fora que, em novembro, completa 50 anos. O cortejo está programado para acontecer no dia 28 de fevereiro, com concentração às 16h, em frente à Câmara Municipal, indo, em seguida, em direção ao lugar que recebe as homenagens.
O anúncio foi feito durante uma coletiva, que aconteceu exatamente no Calçadão, na manhã desta terça-feira (21). “É por aqui que a cidade vive, é por aqui que a cidade passa. Pedro Nava, Murilo Mendes, João e Bia Pina, muitos escreveram sobre a Rua Halfeld, mas sobretudo sobre esse trecho”, declarou o jornalista Wilson Cid.
“Acho que a escolha para o enredo é importante, porque o Calçadão é o coração de Juiz de Fora. E é um coração generoso, daqui é que partem várias galerias, que são como veias que correm o sangue da cidade”, segue Wilson. A obra do Calçadão, concluída em 1975 pela administração do prefeito Saulo Moreira, já havia sido cogitada por governos anteriores a este. Seu objetivo era simples, de acordo com Wilson: dar mais lugar para o pedestre, que na época dividia espaço com diversos veículos.
“A exigência foi se impondo (para a realização da obra)”, mas nem por isso ela deixou de gerar protestos e resistência por parte dos juiz-foranos. Os comerciantes, principalmente, consideravam que a mudança poderia ser ruim para as vendas. “Houve grande protesto por parte do comércio. Achava-se, que à medida que se tirassem os carros, os pedestres seriam espantados. Poucos meses depois, o comércio já retirava suas críticas, vendo a melhora para a classe.”
Wilson acrescenta que “como toda grande obra, ela trouxe grandes transtornos para os pedestres”. E explica: “Criou-se uma anedota de que o prefeito estava ‘cavucando’ a Rua Halfeld para tentar localizar um canivete que ele havia perdido. Na inauguração, ele usou a galhofa para fazer canivetes que foram distribuídos como lembrança”.
E esse não foi o único mito sobre o Calçadão. Wilson ainda cita outros. “Quando fizeram as primeiras obras na Rua Halfeld, esperavam que a projeção da cidade no futuro seria a partir dessa região. Existem muitas histórias, sendo algumas de folclore, como a que não se poderiam deixar todas as janelas fechadas, pois o futuro iria entrar, ou de não poder botar janelas para a Rua Marechal, porque era preciso olhar para a Halfeld. Outra história (mas essa real) é que onde é a Galeria Epaminondas Braga existia a antiga Confeitaria Viena. Com a Guerra Mundial e a perseguição aos germânicos, ela mudou de nome para Confeitaria Fluminense. Era linda, cheia de cristais. Foi por essa região que Silva Jardim fez grande pronunciamento republicano”, recorda, sem esquecer de pontuar que a sirene da Galeria Pio X foi considerada o primeiro bem imaterial de Minas Gerais.
‘Sobe e desce do Calçadão’
Nelson Jr., diretor do Pintinho de Ouro, destaca que o bloco “representa muito do sobe e desce do Calçadão” e irá homenagear personagens famosos do passeio e o comércio da região, tais como Dona Maria, Macário da Sanfona, Zezé Garcia e Zé Kodak. Nelson é um dos autores do enredo “Calçadão, a passarela do samba”, junto a Ney Gerald e Betinho do Cavaco.
O presidente do bloco, Luiz Fernando Sirimarco, explica que homenagear o Calçadão tem tudo a ver com a própria história do Pintinho de Ouro. “Decidimos fazer essa homenagem até para dizer que aqui é nosso lugar e daqui ninguém vai nos tirar. Uma sátira, aproveitando o mote do aniversário. Já houve muito questionamento do desfile desse bloco pela rua Halfeld, pois muita gente acha que não devíamos desfilar por aqui. É uma tradição, ela precisa ser mantida. Ela pode importunar em alguns momentos, mas carnaval é uma festa com duração limitada. É uma atração. São vários blocos que desfilam aqui. É importante manter essa chama acesa no coração da cidade.”
*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy
Tópicos: carnaval 2025