Retrospectiva 2024: vaquinhas auxiliam a arrecadação de fundos para tratamentos de doenças raras
Alto custo leva juiz-foranos a buscarem ajuda por melhores condições de tratamento
Contar histórias é, sem dúvidas, a melhor parte do Jornalismo. Especialmente se esse ato puser auxiliar as pessoas de alguma forma. Em duas ocasiões, inclusive próximas – ambas em agosto -, tive a oportunidade de divulgar vaquinhas criadas por juiz-foranos com doenças raras. Nos dois casos, foi impossível não se sensibilizar com as histórias.
Renan Sena descobriu, em julho de 2023, um carcinoma escamoso do timo. O professor de Engenharia Elétrica, a princípio, tinha um câncer que era considerado como linfoma. Por meio de biópsia e exame histoquímico, o diagnóstico correto foi fechado entre setembro e outubro, quando o câncer já estava no estágio 4.
Já Ricardo Martins, que trabalhava no comércio de Juiz de Fora, tem a Síndrome de Li-Fraumeni. Descoberta em 2015, após um sarcoma de partes moles, a doença é causada por uma alteração no gene que cria uma defesa para impedir a formação de tumores no organismo. Com isso, Ricardo já teve nove cânceres – e agora realiza o tratamento contra três metástases.
Novo tumor
Em sua primeira cirurgia, no fim de julho deste ano, Renan precisou gastar em torno de R$ 51 mil. “A continuidade do tratamento com a imunoterapia já estava planejada e estávamos fazendo os últimos exames para começar a radioterapia. Em agosto, a medicação necessária não foi fornecida por falta. O prazo de restabelecimento também não foi cumprido.” Sabendo da necessidade de se medicar de 21 em 21 dias – o atraso já era de dez dias -, Renan fez a aplicação de forma particular, no valor de R$ 49 mil.
Em outubro, o professor foi para a emergência, com queixa de dor de cabeça e inchaço na lateral do rosto. Foi internado no mesmo dia e, após a realização de uma ressonância, foi descoberto um novo tumor na cabeça, no lado oposto ao anterior e tamanho maior. No mesmo mês, Renan passou por uma segunda neurocirurgia, no valor de R$ 30 mil, para remover o tumor.
“O médico informou que o tumor estava maior do que o esperado. Após a cirurgia, fui transferido para a UTI. Fiquei sem fala e tive muita dificuldade de recuperá-la por três semanas, fazendo tratamento com a fonoaudióloga”, relata. Posteriormente, seu tratamento com imunoterapia e radioterapia continuou, e Renan conta ter tido muitos efeitos colaterais: “principalmente febre todos os dias, muita prostração e cansaço extremo.”
Novos exames serão feitos: um pet-scan em dezembro e uma ressonância magnética do crânio em janeiro, para descobrir como está a evolução da doença.
‘Não estamos vendo fim nesta jornada’
Da mesma forma, Ricardo Martins também teve diversos efeitos colaterais, em resposta à quimioterapia. Sua irmã, Carolina Martins, conta que após a última reportagem, o ex-comerciante passou por episódios de derrame pleural e pericárdico. “Ele já fez três punções e ficou internado na UTI. Ainda passou por uma cirurgia no pulmão, para tentar colar a pleura e acabar com o derrame, mas não teve sucesso.”
Outro problema vivido por Ricardo tem relação com o nível de cortisona. Ele precisou parar com um dos medicamentos da quimioterapia, já que vinha sendo responsável pelo derrame. Como consequência, o tumor aumentou. “Não estamos vendo fim nesta jornada. Vamos com frequência para São Paulo para dar prosseguimento aos tratamentos, já que em Juiz de Fora não há muito conhecimento sobre a doença. Continuamos vivendo na corda bamba.”
As três metástases de Ricardo (pulmonar, suprarrenal e retroperitoneal) estão diminuindo, mas a do pulmão voltou a irradiar. Segundo Carolina, o motivo provavelmente foi a interrupção do medicamento da quimioterapia. “Agora, aguardamos os próximos capítulos, para saber se será necessária outra cirurgia. É um momento muito tenso para nós, inclusive financeiramente”, afirma.
O apoio continua com as vaquinhas
Apesar de algumas melhoras na situação das respectivas doenças, os gastos são mais altos. No caso de Renan, todos os gastos com o tratamento vieram de doações arrecadadas em campanhas durante o período. De acordo com ele, até o momento o gasto foi de aproximadamente R$ 270 mil, fora os custeados pela família.
Já no de Ricardo, a vaquinha está estagnada. “Estamos totalmente sem doação, apesar de termos ganhado muita visibilidade com a reportagem da Tribuna. Com mais efeitos colaterais, estamos gastando mais dinheiro”, lamenta Carolina Martins.
Para além de contar histórias, em contextos como esses também é fundamental recontá-las – e com o mesmo objetivo: ajudar. Mesmo que não financeiramente, podemos divulgar para atingir o maior número possível de pessoas. Dar visibilidade e expandir o alcance também é importante. Atualizações de cada caso são publicadas nas respectivas contas de Instagram: @curapararenan e @pelavidadoricardo. Além disso, os links para as vaquinhas são: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/cura-para-renan e https://www.vakinha.com.br/vaquinha/salve-o-ricardinho-da-brahma-filho-do-ricardao.
*Sob a supervisão da editora Carolina Leonel