A falta de diálogo
“Mas o governo, o país, precisa de mais. Lula precisa sair do estado de uma quase letargia política e ir ao trabalho.”
Dentro do governo e do núcleo duro petista – que inclui a irascível presidente do partido – todos se preocupam com os rumos políticos que vêm sendo dados pelo presidente Lula. As derrotas que o governo sofreu no Congresso acenderam a luz vermelha, e alguns mais ousados estão chamando a atenção de Lula para os riscos desta desarticulação para o projeto 2026, quando o petista sonha em ser reeleito para o quarto mandato.
O Lula de hoje não é o mesmo do segundo mandato, quando dialogava com os vários setores da sociedade que chamava para conversas no Palácio do Planalto. Inclusive com os pesos pesados do empresariado nacional. O Lula de hoje mostra-se arredio, ressentido, talvez magoado com as críticas e punições sofridas na Lava Jato. Além disso, já não tem a mesma base política nem a força do PT, que envelheceu e perdeu espaço.
O ministro Alexandre Padilha, que é, na verdade, uma segunda geração do petismo, sem aquela áurea de luta da primeira, é experiente, faz uma boa articulação com os líderes políticos de outros partidos, apesar das críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira, sem, no entanto, conseguir quebrar a resistência dos radicais, que têm, até aqui, se mostrado mais eficientes politicamente.
Quem tem se mostrado um bom articulador também é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad que, comandando a economia, sabe muito bem da importância de buscar uma boa articulação no Congresso para se conseguir a aprovação das reformas econômicas essenciais ao país.
Apesar de algumas derrotas, resultado em alguns casos da irresponsabilidade de parlamentares mais preocupados com seus interesses do que com os interesses nacionais, Haddad tem se saído bem na articulação, o que tem sustentado, até aqui, o governo petista. Mas o governo, o país, precisa de mais. Lula precisa sair do estado de uma quase letargia política e ir ao trabalho. Precisa se conscientizar que já não é mais aquela figura carismática, herança do tempo de sindicalista resistente à ditadura, e que nem mesmo o seu partido representa mais o que representava nas décadas passadas. Mas, reconheçamos, Lula tem uma boa veia política.
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