Atletas locais miram disputa das Olimpíadas de Paris
Boxeadora Bia Ferreira tem vaga garantida nos Jogos, enquanto outros esportistas ainda brigam por chance
O ano de 2024 já está marcado pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, que acontecem de julho a setembro. A 33ª edição do maior evento esportivo do planeta é aguardada ansiosamente por torcedores e, principalmente, por atletas de diferentes nações. Seis meses antes do início das disputas, a Tribuna conversou com esportistas que possuem relação com Juiz de Fora e já garantiram a sua vaga nas Olimpíadas, ou que ainda têm chance de participar, sobre a expectativa de resultados na capital da França.
A última dança
Quem já está garantida nas Olimpíadas é a boxeadora Bia Ferreira, baiana radicada em Juiz de Fora. Em Tóquio, a lutadora ficou com a prata após ser derrotada pela irlandesa Kellie Harrington, na categoria até 60 kg. Desde então, a atleta conquistou o título mundial e o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago em 2023, além de se manter invicta no cenário do boxe profissional, com quatro vitórias em quatro lutas. Bia também ficou com a prata na edição do Mundial de 2022.
Bia tem o desejo de passar a se dedicar totalmente ao boxe profissional. Por conta disso, os Jogos de Paris serão as suas últimas Olimpíadas, o que causa na lutadora diferentes sensações, de acordo com ela mesma. “É um misto de sentimento. Com certeza o coração fica apertado, mas já conquistei praticamente tudo o que almejei para minha carreira olímpica, fui campeã sul-Americana, bicampeã pan-americana e mundial, e agora falta o título olímpico. Então, o objetivo é chegar bem em Paris para fechar com chave de ouro”, projeta.
Na sua segunda participação em Olimpíadas, Bia possui um objetivo claro: a medalha de ouro. “Estou me preparando muito para os Jogos Olímpicos de Paris. Tive um 2023 fantástico vencendo todos os torneios e combates que disputei, estou com boa expectativa e vou lutar muito para trazer a medalha de ouro para o Brasil”, almeja a boxeadora.
Quase lá
A seleção masculina de vôlei já está classificada para as Olimpíadas, e o oposto juiz-forano Felipe Roque, do Farma Conde/São José, é um dos principais a integrar o elenco que irá buscar a medalha de ouro em Paris. A vaga de oposto na delegação brasileira é uma das mais concorridas. Para o atleta, isso é positivo. “O Brasil tem muitos opostos de alto nível e a disputa vai ser muito acirrada pela vaga olímpica, mas isso é bom porque sempre queremos evoluir”, avalia Roque.
Felipe Roque é um dos protagonistas do São José, atual líder da Superliga. O oposto é o maior pontuador da competição, com 211 pontos, e o quarto melhor sacador da competição, com 15 aces. Para o juiz-forano, um bom desempenho na principal competição de vôlei do Brasil é fundamental para seguir com chances de convocação. “A Superliga é uma grande vitrine para mostrar o quanto venho evoluindo, e um parâmetro muito bom para a comissão técnica da seleção usar para definir as convocações”, afirma.
Quem também está muito próximo de garantir vaga nas Paralimpíadas é Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, mineiro de Santa Luzia e radicado em Juiz de Fora. Desde os Jogos de Tóquio, o nadador acumula uma extensa lista de conquistas, com destaque para três ouros no mundial de 2022, além de outros cinco no Parapan-Americano, e mais três no mundial de 2023.
Apesar do expressivo número de conquistas, o nadador ainda não possui vaga assegurada em Paris, conforme explica seu técnico, Fábio Antunes. “Gabrielzinho já nadou diversas vezes abaixo do índice de Paris, mas precisa fazer novamente na seletiva, marcada para o período de 29 de abril a 4 de maio. Após a seletiva que saem as convocações dos atletas e da comissão técnica. Até lá vamos trabalhar duro para que ele possa estar presente, e eu também. Representar o Brasil é sempre um enorme prazer. A cada convocação o sentimento é o mesmo, defender as cores da nossa pátria é sempre um momento ímpar”, afirma.
Fábio explica como será o trabalho realizado com Gabrielzinho para que o nadador consiga conquistar o maior número possível de medalhas de ouro em Paris. “A equipe multidisciplinar vem trabalhando para que o atleta possa nadar mais rápido a cada dia. Estamos fazendo um trabalho de base maior para que ele possa sustentar melhor os blocos de força. E na hora certa vamos ficando mais rápidos. No nosso programa focamos em monitorar e registrar. Sem isso não existe alta performance”, explica Antunes.
Em busca da classificação
O juiz-forano Thiagus Petrus, armador do Barcelona, ainda busca a sua classificação para as Olimpíadas de Paris, juntamente com a seleção masculina de handebol. A vaga poderia ter sido confirmada caso o Brasil conquistasse o ouro no Pan-Americano de Santiago, mas a seleção foi derrotada pela Argentina na final. Para o atleta, a prata no Chile foi dolorida, mas já é passado. “O esporte é assim: um dia você ganha, outro dia você perde. E o Pan foi bem difícil para todo mundo e para mim em especial. Mas praticamente não tive tempo de pensar nisso. Já voltei às competições com o meu clube. E agora a gente tá jogando o Campeonato Sul Centro-Americano de Handebol (competição que vale vaga para o Mundial de 2025), além de nos preparar para o Pré-Olímpico em março”, relata.
Thiagus irá completar 35 anos no dia 25 de janeiro, e ainda não se decidiu se os Jogos de Paris serão os seus últimos. O armador afirma se sentir bem para disputar as Olimpíadas de 2028, que acontecerão em Los Angeles. “Eu tenho pensado em jogar até me sentir à vontade. E se a gente for para Los Angeles e eu estiver bem, com vontade de continuar jogando e a seleção contar comigo, acredito que eu possa ir também, sem problemas. Mas ainda está muito longe para poder decidir”, diz Petrus.
*Vinicius Soares, estagiário sob supervisão do editor Gabriel Silva