O momento Ă© de convergĂȘncia
Discussão do Regime de Recuperação Fiscal deve ser feita apartada das eleiçÔes, sob o risco de não avançar e comprometer ainda mais a situação financeira
de Minas
NĂŁo hĂĄ dĂșvidas de que as eleiçÔes de 2026 estĂŁo postas Ă mesa na qual se discute o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) de Minas Gerais, mas Ă© imprudente antecipar uma discussĂŁo que sĂł vai se acentuar depois do pleito municipal do ano que vem. Hoje, a discussĂŁo das contas do Estado dever ser prioridade de todos os atores polĂticos, o que envolve, necessariamente, o governador Romeu Zema e os polĂticos que ora participam da discussĂŁo, como Ă© o caso do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional.
HĂĄ cerca de um mĂȘs, ele recebeu uma carta do Governo pedindo sua mediação nas conversas com a equipe econĂŽmica que estavam emperradas jĂĄ hĂĄ algum tempo, e o relĂłgio do tempo continuava assinalando que o prazo para pagamento estava no limite. O governador Romeu Zema se queixava do silĂȘncio de BrasĂlia e antecipava que iria recorrer ao Supremo Tribunal Federal para obter um novo prazo para o pagamento, sob o argumento de nĂŁo ter meios de cumprir duas obrigaçÔes ao mesmo tempo: pagar a parcela e pagar o funcionalismo pĂșblico. O adiamento Ă©, pois, uma necessidade.
Rodrigo atendeu ao chamamento, mas, em vez de comprar o projeto do governador, apresentou uma proposta alternativa, com aval de lideranças mineiras como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Leite, do ministro das Minas e Energia, Alexandre da Silveira, e do coordenador da bancada de deputados federais, Luiz Fernando Faria. E aĂ o clima azedou, jĂĄ que o governador, embora nĂŁo explicitasse oficialmente o seu desconforto, se viu numa situação crĂtica, jĂĄ que, ao mesmo tempo em que nĂŁo dava aval ao RRF por ele apresentado, o Governo gostou da proposta alternativa do senador.
Para quem atua na polĂtica, nĂŁo hĂĄ surpresa, jĂĄ que o governador Ă© um player nacional com crĂticas frequentes ao presidente Lula, enquanto o senador, embora nĂŁo seja um aliado, tem mais jogo de cintura e viu no impasse uma oportunidade para falar aos mineiros sem dizer que Ă© candidato em 2026.
O ponto de corte desse enredo Ă© a necessidade de alinhamento dos dois lados, jĂĄ que, mesmo que o projeto alternativo seja mais palatĂĄvel, ele sĂł serĂĄ assinado se o governador aceitar. Por isso, em vez de enfrentamentos, Ă© hora dos bombeiros, pois nĂŁo cabe no momento apontar quem venceu, salvo se for o estado com um projeto capaz de contemplar as metas pretendidas por todos os lados.
Para tanto, os dois lados tĂȘm que ceder em algum ponto e convencer BrasĂlia de que, ao fim e ao cabo, os mineiros, a despeito de divergĂȘncias, tĂȘm condiçÔes de ficar no mesmo barco quando o interesse do Estado fala mais alto.
De fato, nĂŁo faz sentido antecipar o debate eleitoral quando tal postura se torna um inibidor de soluçÔes, e o que mais esperam os mineiros Ă© uma saĂda que garanta a pacificação das contas do estado sem risco para as demais obrigaçÔes, a começar pelos benefĂcios dos servidores.