Desejo replicar por aqui, através dessa coluna de hoje, sobre os dados do Censo de 2022, divulgados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vamos ficar restritos à realidade local. Quais são os resultados para nossa cidade? Como em todo o país, em todas as cidades, houve um aumento da população idosa. O país envelheceu, nossas cidades, inclusive a nossa, envelheceram. E muito rapidamente.
Com base em ampla e valiosa matéria, de autoria das competentes repórteres Leticya Bernardete e Nayara Zanetti, publicada na edição de domingo passado na Tribuna de Minas, Juiz de Fora está entre as dez cidades brasileiras, com mais de cem mil habitantes, com os menores percentuais de crianças em relação ao numero de moradores. A cidade ocupa a sétima posição no ranking das que possuem população mais baixa, considerando a faixa de 0 a 14 anos. Ou seja, acompanhando o ritmo populacional das outras cidades brasileiras, de um modo geral, temos menos crianças e mais idosos, o que equivale dizer, conforme o especialista ouvido nessa mesma reportagem, professor Reinaldo Santos da UFJF, “o município tem apresentado uma queda de fecundidade, ou seja, o número de filhos que uma juizforana teria ao longo de seu período reprodutivo é cada vez menor”.
Com base nessa mesma fonte de apoio para construir essa coluna, tem-se que o número de pessoas com a idade de 60 anos e mais passou, saltou, de 70.065 em 2010 para 109.366, em 2022. E apresenta também um numero significativo de pessoas centenárias: 73 mulheres e 20 homens. Temos 93 moradores/ habitantes na cidade, que, por 100 anos e mais, observam a passagem teimosa e lenta do Rio Paraibuna. Heróis anônimos!
Se a velocidade do rio é muito pequena, quase arrastando, o mesmo não acontece com o nosso envelhecimento populacional, que se dá a passos largos, diferentemente da realidade dos países europeus, que demoraram muito tempo para envelhecer. Essa é uma grande diferença, de lá para cá. Estamos envelhecendo em condições sociais e econômicas em desvantagem de melhorias de qualidade de vida para a maioria da nossa população.
À persistir esse quadro de indiferença política na implementação de políticas públicas, a vida das pessoas idosas (a maioria delas) estará de acordo com o velho roteiro existencial de que estarão mais idosos e mais pobres. Se não tivermos um sistema robusto de proteção social e pública para a vivência de uma longevidade ativa e saudável, de nada adiantará ter ganho mais idade, se não tivermos garantia de mais vida aos anos. O que implicará em mudanças de planejamentos nas gestões públicas porque, certamente, haverá mais demandas pelos serviços públicos, principalmente na área de saúde e de assistência social, entre outras.
O envelhecimento é desafio para a cidade, como bem demonstrou a matéria de capa da Tribuna no domingo passado. Essa mesma que busquei repercutir por aqui, com o apoio de vocês, prezados leitores e leitoras: a cidade está preparada ou vem se preparando para atender esse contingente expressivo de pessoas idosas?
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