Convite à contemplação

Por Marcos Araújo

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Projeto “Colorindo o habitar” no Bairro Esplanada faz um convite à contemplação (FOTO: Marcos Araújo)

 

Novas cores tingem a Zona Norte de Juiz de Fora. Um espetáculo se desenha diante dos olhos de quem atravessa as avenidas Coronel Vidal e Olavo Bilac rumo ao centro da cidade. Por um instante, o tempo parece desacelerar, e o olhar recebe um convite à contemplação. 

Lá no alto da pedreira, na região do Bairro Esplanada, as moradias, que primeiro foram feitas de telas em branco, agora explodem em policromia. As casas, cerca de 90, gradualmente, foram abraçadas pelo colorido da vida: o vermelho arrebatador, o amarelo radiante, o azul sereno e o verde esperançoso.

O que vinha acontecendo pouco a pouco, agora assume forma e substância, e o resultado é uma narrativa visual. Uma narrativa que é  a soma das histórias das pessoas que chamam essas casas de lar. Cada traço, cada sombra, é uma expressão da identidade e da alma desses moradores. 

Mas também é, para as pessoas que olham essa paisagem de longe, um sinal de esperança, um indício de que talento, sensibilidade, arte e vontade podem transformar realidades. 

O artista plástico Stain, criador desse caleidoscópio, contou que ouviu as vozes dos habitantes e tentou traduzi-las em formas geométricas, como um poeta que encontra palavras para sentimentos indizíveis. Nas fachadas, a dança das cores se converte em um poema visual que ecoa a essência de um lugar e de suas gentes.

A Secretaria de Governo, condutora do Programa Boniteza e idealizadora do projeto que também tornou possível o nascimento desse macromural, tem motivos para celebrar o término dessa erupção de cores e emoções, convidando a população à apreciação dessa expressão de identidade e de beleza que é de todos os moradores da Zona Norte e também de toda a cidade. 

Quando criança, fui morador do Bairro Cerâmica. Da parte de baixo, eu olhava para o que estava acima da pedreira e imaginava como devia ser morar no lá alto e desfrutar da vista que o lugar proporciona. Eu pensava que os moradores daquele morro eram privilegiados, pois podiam apreciar, das suas janelas e portas, toda a Mata do Krambeck, que, na minha fantasia infantil, era cheia de mistérios e animais como aqueles que via nos filmes da Sessão da Tarde. 

Se a vista panorâmica que pode ser apreciada daquelas casas não é privilégio de todos, pelo menos, quem vive e anda aos pés do Esplanada ganhou de presente um belo e vivo impacto visual que emerge da comunidade, enchendo de alegria quem olha para o alto.

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