O mĂ©dico neurocirurgiĂŁo carioca Paulo Niemeyer Filho, de renome nacional e internacional – sobrinho do genial arquiteto Oscar Niemeyer, que viveu sua longevidade com mais de 100 anos -, em uma das muitas entrevistas que concede Ă mĂdia, afirmou em dada oportunidade que, de um modo geral, nos importamos muito com o que acontece com a gente do pescoço para baixo, e muito menos com o que vai do nosso pescoço para cima, ou seja: ele chamou a nossa atenção para que cuidemos mais da nossa saĂșde mental, do que colocamos e tiramos do nosso cĂ©rebro. A importĂąncia de a gente cuidar da nossa saĂșde mental. O que estamos fazendo ou que nĂłs fazemos para termos uma boa saĂșde mental. Para mim o caminho a percorrer Ă© o de aprender a gostar de si, a expressar as emoçÔes, cultivar gostosas amizades, escolher atividades e movimentos de vida que me fazem bem Ă alma, que me fazem bem Ă cabeça, literalmente.
Na relação de cuidado com uma pessoa, no caso aqui, que Ă© o nosso ambiente, o cuidado com uma pessoa idosa com algum tipo de demĂȘncia, o desgaste emocional de quem cuida, do/a cuidador/a Ă© muito grande, o acĂșmulo de estresse Ă© crescente. Por isso que, baseado na minha experiĂȘncia profissional gerontolĂłgica, no trabalho de colegas na ĂĄrea e pelos estudos nesse campo, nĂŁo tenho dĂșvida nenhuma em afirmar que Ă© preciso cuidar de quem cuida.
O cuidador, na maioria dos casos, Ă© a mulher. E ela, como qualquer outra pessoa que estĂĄ nessa importante função, precisa tocar sua vida, sua famĂlia, suas relaçÔes sociais. Assim tambĂ©m acontece com o/a integrante da famĂlia que assiste ao seu familiar. Se nĂŁo acontecer um rodĂzio ou uma escala de presença para o cuidado ao familiar, a situação fica muito difĂcil, impossĂvel de ser levada somente por uma Ășnica pessoa da famĂlia. E Ă© o que acontece. Tem-se uma famĂlia atĂ© numerosa, mas, quem efetivamente cuida pra valer da pessoa idosa Ă© (somente) uma mulher: a filha, a neta ou a irmĂŁ.
Isso nĂŁo Ă© uma regra, mas Ă© prevalente no cuidado. O cuidado Ă© feminino. E tambĂ©m em muitos dos casos, hĂĄ uma nova realidade jĂĄ existente, a de identificarmos uma pessoa idosa, uma mulher idosa cuidando de uma outra mulher idosa. Ou seja, as duas necessitam de cuidados. DaĂ vem uma outra medida pĂșblica extremamente necessĂĄria para entrar e ficar na gestĂŁo pĂșblica nacional, estadual e municipal. A emergĂȘncia de criação de polĂticas pĂșblicas de cuidados Ă s pessoas idosas. Principalmente cuidados prolongados e permanentes Ă s pessoas idosas que se encontram num estado de saĂșde de total dependĂȘncia e de bem menos independĂȘncia para as suas atividades de vida diĂĄria, bĂĄsicas, como cozinhar, lavar louça, usar o celular, manipular medicamentos, capacidade de usar meios de transporte, entre outras funçÔes do cotidiano.
Com o avanço do estĂĄgio da demĂȘncia, a autonomia e a subjetividade da pessoa idosa ficam completamente retraĂdas e presas aos cuidados de uma outra pessoa. Entra em cena a cuidadora ou o cuidador, profissionais que sĂŁo cada vez mais requisitados e que precisam de uma atenção polĂtica, como da nossa CĂąmara Municipal, para a regulamentação da profissĂŁo e proteção social, alĂ©m da oferta de cursos profissionalizantes que possam contribuir para a qualificação dessa importante e tĂŁo necessĂĄria ocupação.
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