Mais de 100 pais e filhos coletaram sangue durante mutirão de DNA
Mais de cem histórias podem ter agora um final feliz, como a de uma menina de 14 anos, que passou, nesta sexta-feira (26) pelo II Mutirão Direito a Ter Pai, realizado na Defensoria Pública, na Avenida Rio Branco 2.281, 10° andar. “A garota, abandonada pela mãe, vivia em um dos abrigos da cidade e agora tem uma nova perspectiva de família. O suposto pai foi localizado e passou pelo teste de reconhecimento de paternidade. A guardiã da garota e a avó paterna já acordaram e ela terá um novo lar junto à família do pai”, contou a defensora pública Adriana Campos, celebrando. “Talvez essa seja a história mais bonita.”
Outra menina M. L., de 4 anos, é outra beneficiada. Ela e seu suposto pai, 24 anos, passaram pelo teste, solicitado pela mãe. “Ela sempre me pergunta quem é o pai e eu digo que é ele, mas agora podemos ter a confirmação”, explicou a jovem dona de casa, 19. O pai, que cumpre pena na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires e foi escoltado para a realização do exame, quer a confirmação, mas acredita que a menina seja sim sua filha. “Nós não chegamos a namorar, mas ficávamos às vezes. Mas sinto lá no fundo que é minha filha.”
O inverso também existe. Paulo Henrique de Souza, 20, foi quem solicitou o exame de paternidade da suposta filha, de apenas 6 meses de vida. “Nada vai mudar. Ela é minha filha e vou criá-la com carinho de todo o jeito, mas quero a confirmação para ter certeza.”
Todas as amostras de sangue foram recolhidas por voluntário do laboratório Côrtes Villela e serão encaminhadas para análise em Belo Horizonte. A previsão é de que os resultados fiquem prontos dentro de 60 dias.
Segundo a coordenadora Regional da Defensoria Pública, Ana Lúcia Marcolino, estão previstos 90 exames de DNA e 12 reconhecimentos espontâneos. Além disso, estão sendo realizados acordos relacionados a alimentos, guarda, visitas, orientação e agendamento para propositura de ações de investigação da filiação. Também foram feitas coleta de material genético de parentes de supostos pais já falecidos. Ana Lúcia destacou que o ato do reconhecimento de paternidade vai além do pagamento de pensão. “Não é só a questão do direito da personalidade que está em jogo, mas é preciso destacar a importância da confirmação da paternidade, frente às novas descobertas da medicina. Futuramente o suposto pai pode precisar de material genético do filho para algum tratamento. Ou seja, o DNA tem nova função. Esse pai pode ser salvo pelo reconhecimento.”