Funcionários da Cercred denunciam más condições de trabalho e pagamento atrasado
Trabalhadores alegam que mais de mil pessoas estão sendo afetadas pela falta de salário e afirmam receber ameaças por ausência justificada no trabalho
Funcionários da Cercred, empresa especializada em prestação de serviços de contact center e recuperação de crédito e terceirizada da Caixa Econômica Federal, denunciaram à Tribuna o atraso do pagamento do salário de mais de mil empregados. Além disso, eles alegam que estão trabalhando em más condições e enfrentam situações de assédio moral organizacional. Os trabalhadores fizeram uma manifestação nesta sexta-feira (12), no início da tarde, em frente a sede da empresa, localizada na Avenida Vereador Raymundo Hargreaves, no Bairro Francisco Bernardino, região Norte.
Os profissionais afirmam estar sem receber o salário há quatro dias sob justificativa de que os recursos da empresa foram bloqueados judicialmente. Segundo os trabalhadores, na última quinta-feira (11), a firma realizou uma reunião para comunicar a situação e teria sido informado que o pagamento seria efetuado ainda nesta quinta, o que não ocorreu. Segundo informações dos funcionários, os pagamentos começaram a ser efetuados somente por volta das 14h desta sexta. Entretanto, eles alegam outros problemas, como o não pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Além da questão financeira, os funcionários se queixaram das más condições de trabalho tanto em relação à estrutura da sede da empresa, quanto a respeito de situações de assédio moral organizacional. Um trabalhador, que preferiu não ser identificado, afirmou à reportagem que em alguns casos os superiores atuam de forma autoritária. “Casos de ameaças são recorrentes, se faltarmos um dia de trabalho levamos advertência ou não recebemos, por exemplo”.
De acordo com esse trabalhador, uma funcionária ficou afastada por problemas de saúde e mesmo apresentando atestado médico ela foi demitida no dia seguinte em que retornou à empresa. Em relação a questões de saúde, outro profissional disse que eles trabalham em um galpão sem ventilação e que várias pessoas chegaram a passar mal por causa do calor.
O Sindicato dos Trabalhadores Empresas Telecomunicações (Sinttel) informou estar recebendo cerca de 30 a 40 denúncias por dia sobre o caso. Embora o sindicato tenha apoiado e orientado os funcionários a respeito de quais medidas tomar, o Sinttel não representa a categoria a qual a Cercred está inserida em Juiz de Fora, que seria o setor de cobrança, não de telemarketing.
“Mas como eles não estão sendo atendidos na região, pois o sindicato deles fica em Belo Horizonte, nós estamos vendo a possibilidade de representar a classe e levar o caso ao Ministério do Trabalho. A empresa tem vários pontos irregulares, como o banheiro que está impróprio para uso, as cadeiras estão em péssimas condições, entre outras questões”, informa o Sinttel.
A Tribuna entrou em contato com Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisa, Perícias, Informações e Congêneres de Minas Gerais (Sintappi), em Belo Horizonte, que confirmou o recebimento de denúncias do caso. No entanto, não pode dar mais informações, visto que o advogado responsável só estaria de volta na segunda-feira (15). A entidade ficou de retornar o contato da Tribuna e dar mais detalhes sobre os desdobramentos da denúncia.
A reportagem também entrou em contato com a Caixa Econômica Federal, que confirmou que a Cercred, Central de Recuperação de Créditos, é contratada pelo banco via licitação pública e iniciou a prestação de serviços no dia 23 de janeiro de 2023. Em nota, a instituição afirmou que “é diretriz do banco a atuação baseada na responsabilidade corporativa e responsabilidade social.” “A Caixa acompanha mensalmente o repasse do salário e encargos trabalhistas dos funcionários da Cercred e ressalta que está previsto em contrato que o pagamento pelos serviços prestados, pela terceirizada, está condicionado ao cumprimento das cláusulas do contrato com a Caixa.”
Já a Cercred não respondeu os questionamentos da Tribuna.