Morre a cantora e compositora Rita Lee aos 75 anos

Artista foi diagnosticada com câncer de pulmão ainda em 2021, mas vinha fazendo tratamentos contra a doença


Por Tribuna

09/05/2023 às 11h22- Atualizada 09/05/2023 às 12h52

Morreu no final da noite desta segunda-feira (8), aos 75 anos, a cantora e compositora Rita Lee. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão ainda em 2021, mas vinha fazendo tratamentos contra a doença e chegou a anunciar a remissão do câncer no ano seguinte. Em março de 2023, ela teve que ser internada novamente, mas havia retornado para casa.

Rita Lee Jones é um dos principais nomes da música brasileira, tendo marcado gerações por sua liberdade e rebeldia. Ela nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, filha do dentista e imigrante Charles Jones e da pianista italiana Romilda Padula. O falecimento foi comunicado por sua família, através das redes sociais. “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”. O velório vai ser aberto ao público e vai acontecer no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h.

A artista é lembrada por ter sido um dos grandes nomes da revolução do rock no Brasil, tendo feito parte do movimento da tropicália e participado da banda Mutantes. Sua segunda autobiografia, intitulada “Outra autobiografia”, em que conta sobre seu processo de tratamento e aborda sua vida após deixar os palcos, estava prevista para ser lançada em 22 de maio.

A artista é considerada por muitos como a maior estrela do rock nacional. Seu último álbum de canções inéditas foi lançado em abril de 2012, sendo chamado “Reza”. Durante todos os anos de carreira, foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes e 34 em carreira solo. Sua carreira começou aos 16 anos, quando ela integrava o trio vocal feminino, as Teenage Singers e fazia apresentações em escola, até que o cantor e produtor Tony Campello ficou impressionado com seu talento e chamou o grupo para trabalhar como backing vocals.

Em 1964, ela passou a compor o grupo Six Sided Rockers que, mais tarde, deu origem aos Mutantes. O grupo foi fundado em 1966, e inicialmente tinha como membros Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Em meio a polêmicas e o fim do relacionamento com um dos membros, ela decidiu seguir carreira por outro rumo, com o grupo Tutti Frutti. Foi neste momento, em 1975, que o disco “Fruto Proibido” marcou a nova fase da cantora e se tornou um dos grandes sucessos de sua carreira, com as músicas “Ovelha Negra” e “Agora Só Falta Você”.

Aos 64 anos, ela anunciou que deixaria de fazer turnês e shows por conta da fragilidade física causada pela idade. Em 28 de janeiro de 2012, no Festival de Verão de Sergipe, ela fez o show anunciado como último da carreira, quando discutiu com um policial e chegou a ser levada para uma delegacia. Depois da data, fez apenas duas apresentações pontuais. Em 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. Ela já tinha familiaridade com o universo literário, tendo lançado obras anteriores. A que conta sobre sua vida aborda eventos marcantes, como a saída Mutantes, em 1972, e temas de sua vida pessoal que estiveram na mídia ao longo de sua carreira.

Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão, e seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia. Nos seus últimos anos de vida, escolheu ficar próxima da família em um sítio no interior de São Paulo.

Conheça Rita Lee pelas respostas espirituosas que ela dava em entrevistas

(Agência Estado) – Nas redes sociais ou nas entrevistas que concedeu nos últimos anos (sempre por e-mail), ela respondia a todas as perguntas, mesmo as mais absurdas, e habitualmente com frases afiadas e carregadas de deboche. Confira 11 destas respostas:

– “Eu e minha vidinha besta” (sobre temas que inspiram suas canções).

– “Não pretendo mais votar, chega de voto obrigatório, respeitem meus cabelos brancos pintados de vermelho”.

– “O tropicalismo foi a semente mais genial que foi plantada na minha cabeça, viver aquilo de perto me ensinou a ser o que sou hoje, uma Joana d’Arc sessentona que não tem pudores em desfilar por quaisquer avenidas musicais”.

– “Carne crua nem pensar, não como cadáveres de animais, mas pratico o autocanibalismo devorando as peles dos meus dedos.”.

– “Minha musa Carmen Miranda já está no céu, quem sabe rola um ‘ao vivo’ quando eu for pra lá também… Mas será que eu vou pro céu?”.

– “Comigo era só dengo, afinal, eu não representava a menor ameaça à coroa de melhor cantora” (sobre Elis Regina).

– “Nos tempos de chumbo, você ia pessoalmente duelar com os censores, baita humilhação. Das raras vezes que conseguíamos driblar uma palavrinha, era uma felicidade. Hoje, não há censura e o que se vê é um monte de bananas preguiçosas. Censura não, talento sim.”

– “O que mais me orgulha nos 50 anos de estrada foi nunca ter vendido a alma para leis rouanets e palanques políticos. Dos palcos, quero distância; da música, nunca, continuo fazendo o que mais gosto que é compor. Escrevi a biografia daquela ‘ritalee’ de cabelos de fogo que saía em turnês – a de hoje está beirando os setentinha, deixou os cabelos brancos e acha a vida de dona de casa o maior barato. Envelhecer não é para maricas. Ainda me falta muita coisa a fazer.”

– “A moral da minha história no momento é ‘pretendo viver para sempre, até agora estou indo bem’.”

– “Envelhecer já é complicado – sem uma boa dose de humor e de sarcasmo imagino que possa ser um inferno.”

– “Como avó, sou um misto de Dona Benta com Dercy Gonçalves, contadora de histórias e meio desbocada.”

 

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