Banda duplodeck atropela a distância para lançar segundo trabalho

Novo álbum do duplodeck foi gravado em etapas e masterizado nos Estados Unidos
O duplodeck está aqui, ali e em todo lugar. Com seus integrantes espalhados em três cidades – e dois países – diferentes, era preciso esperar a estação mais quente do ano chegar para se reunirem e gravarem o seu mais novo trabalho. É dessa forma que eles chegaram a “Verões”, álbum que dá continuidade ao que foi mostrado em seu EP de estreia, de 2011, apontando alguns novos caminhos musicais para o sexteto juiz-forano formado por Rodrigo Lopes (guitarra, teclado e percussão), Alex Martoni (vocal e guitarra), Fred Mendes (bateria), Guilherme Kegele Lignani (baixo), Maria Bitarello (guitarra e vocal) e Ricardo Coimbra (bateria). Rodrigo conversou com a Tribuna diretamente da Suíça, onde vive atualmente, para explicar como se deu o retorno do grupo, que havia dado um tempo em suas atividades em 2005 e retornado cinco anos depois. O primeiro EP do grupo, lançado pela Pug Records há três anos, fora gravado em 2004. O trabalho acabou engavetado porque todos estavam envolvidos em outras atividades profissionais. “A Pug teve acesso ao material em 2010 e resolveu editá-lo. Foi o entusiasmo deles que disparou uma vontade que todos nós tínhamos, o de voltar a fazer música juntos”, explica.
Rodrigo lembra que quase todo o material de “Verões” era da safra 2003/2004, mesmo que não totalmente finalizado. A exceção é “Brisa”, do ano 2000. Mesmo assim, o processo foi demorado devido às distâncias que precisavam enfrentar para trabalharem juntos: Rodrigo morava em Portugal antes de se mudar para a Suíça, enquanto que a outra guitarrista, Maria Bitarello, estava na Califórnia e na França antes de fixar residência em São Paulo. “Foi um processo demorado, muita coisa foi feita via internet”, diz ele. “A primeira sessão foi no final de 2010 no estúdio do Ciro Madd, em São Paulo. Depois nos reunimos em Juiz de Fora, 90% do material foi feito aí. Ainda gravamos coisas no final de 2011, fizemos várias sessões de mixagem no final de 2012 e 2013. A masterização foi feita no início de 2014, nos Estados Unidos, com um cara que também masterizou o Aguardela e muita gente da cena de Seattle, o Chris Hanzsek.”
Álbum pronto, “Verões” já é disponibilizado gratuitamente em MP3 no site da Pug Records, que em breve deve colocar à venda o trabalho em CD-R e no ainda imortal formato cassete. A banda também disponibilizou o download gratuito no link www.duplodeck.bandcamp.com. Lá fora, a gravadora norte-americana Bleeding Gold Records vai distribuir o disco em CD e também nas fitinhas analógicas. Uma edição limitada em vinil está nos planos do duplodeck.
Na nossa língua
O novo trabalho do duplodeck é marcado, ainda, por uma mudança na sonoridade da banda. Se antes as guitarras inspiradas em Pavement, Teenage Fanclub, Yo La Tengo e na cena shoegazer tomavam conta do território, aliadas a um jeito Stereolab de ser, “Verões” mostra a banda ampliando o espectro sonoro de suas composições, apostando em repertório com todas as letras em português. “A presença do Ricardo Coimbra entre 2002 e 2005, quando as músicas foram compostas, deu uma atmosfera mais jazz às nossas composições. Acho que passamos a ser menos ‘indies’ nesse álbum, com influências mais amplas. Mas continuamos gostando de rock, e a nossa proposta passa por experimentar com o que ouvimos. Não queremos fugir disso”, afirma, destacando que a banda já começou a trabalhar em novas composições. “O Alex tem assumido mais a composição do tema, depois estruturamos nos poucos ensaios que temos. Tenho gravado todos eles e depois ficamos brincando com elementos novos individualmente. Há uma (música) muito inspirada nas coisas novas do Radiohead, da época do “The king of limbs”, porém mais melódica. Acho que estamos abrindo ainda mais o escopo de influências. Usamos menos distorção e mais efeitos.”
E será preciso esperar muitos verões pelo novo álbum? “Não queremos esperar tanto. Assim que sentirmos que o ‘Verões’ está devidamente lançado, já queremos gravar. Não será necessariamente um novo LP, pode ser um outro EP. Acho que esse novo meio de distribuir música independente nos permite trabalhar em outros formatos.”