Zona da Mata busca espaço
A despeito de sua importância, a região e seu entorno ainda estão na retaguarda das ações oficiais; encontro com lideranças pode ser um despertar
O Encontro do dia 28 de abril, previsto para reunir lideranças políticas e empresariais, ocasião em que deverá ser apresentado um diagnóstico da região, elaborado por diversas universidades (veja nota no Painel), é mais uma oportunidade para se avaliar as causas da desidratação econômica da Zona da Mata e de seu entorno e o que é possível fazer para reverter tal quadro. Hoje, a despeito de investimentos recém anunciados, ainda há um déficit abissal se comparado com o desenvolvimento das demais regiões mineiras, com exceção do Vale do Jequitinhonha.
Não será o primeiro evento com tal finalidade, mas pode ser um dos mais importantes ante a possibilidade de participação de atores envolvidos diretamente nas ações do Governo federal inaugurado no dia 1º de janeiro de 2023. Brasília precisa conhecer a realidade da região, mas isso só será possível com envolvimento de diversas instâncias, e, sobretudo, com um diagnóstico capaz de apontar causas e soluções.
Demandas não faltam. Mesmo com o reconhecido esforço do Governo estadual, ainda há as que carecem da atenção federal tal e do aporte necessário para a sua implementação. Na última quinta-feira, a Tribuna destacou a situação do Hospital Universitário cujas obras dependem de recurso e adequação. Trata-se de uma obraq sem conclusão há pelo menos 13 anos desde o seu lançamento. O repórter Gabriel Magacho, sob supervisão da editora Fabíola Costa, foi à caça de detalhes do empreendimento e descobriu conversas recentes com Brasília e medidas que precisam ser tomadas para readequação e conclusão do projeto.
Ele constatou que, dos nove blocos idealizados no projeto inicial, apenas dois possuem taxa de conclusão acima de 50%. Outras cinco estruturas possuem taxas de conclusão inferiores a 50%, com outras duas restantes sequer tendo sido iniciadas. Em execução está apenas o Bloco E9, que ampliará a capacidade dos ambulatórios.
A prefeita Margarida Salomão, acompanhada da deputada Ana Pimentel, que é médica, do reitor da UFJF, Marcus David, e da vice-reitora, Girlene Alves – além do superintendente do HU, Dimas Araújo -, esteve na Ebserth, empresa que administra os hospZonitais universitários, em busca de ações que impliquem na retomada das obras. No entanto, como todos os projetos públicos, há diversos fatores em pauta para a retomada.
Essa demanda deve ser discutida no seminário, mas há outras na região. O evento deve avaliar não necessariamente apenas o que está parado, mas o que é preciso para a Zona da Mata sair desse marasmo. A participação dos diversos atores, portanto, é fundamental para dar um Norte ao Governo.
Os organizadores esperam pelo menos 200 prefeitos que, somados aos demais participantes, podem estabelecer uma robusta agenda e mostrar a força da região. Só dessa forma será possível amplificar a pauta, já que iniciativas individuais, a despeito de todo o mérito, não dão os resultados adequados. Em várias regiões de Minas, os políticos falam juntos quando a causa é comum, e é o que se espera do Encontro do dia 28. Os participantes devem estabelecer metas de ação e comprometimento.
Num dos eventos com a mesma pauta, realizado na antiga reitoria da UFJF, ainda no Centro, os políticos da região foram incumbidos de diversas missões, cada um em sua área, mas o resultado ficou pelo caminho. A despeito das promessas, nem todos levaram adiante o que ficou definido. Com dados e propostas, espera-se que, desta vez, a região seja ouvida e que cada um cumpra o seu papel.