Juiz de Fora fica em alerta com primeiro óbito por dengue

Em meio a epidemia da doença em Minas Gerais, novo boletim, que aponta 259 casos prováveis da doença no município, cinco de chikungunya e nenhum de zika, preocupa autoridades


Por Mariana Floriano e Nayara Zanetti

05/04/2023 às 08h04

Juiz de Fora registrou a primeira morte causada por dengue em 2023. O óbito foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em boletim epidemiológico divulgado na segunda-feira (3). O documento também apontou que o município tem 259 casos prováveis da doença, cinco de chikungunya e nenhum de zika. Em meio a uma epidemia de dengue em Minas Gerais, números colocam Juiz de Fora em sinal de alerta.

De acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a vítima era um idoso que morreu no dia 27 de março e era portador de comorbidade. Em nota divulgada à reportagem, a PJF disse que apesar do primeiro registro de óbito, “Juiz de Fora possui o menor registro de casos da doença dentre as dez maiores cidades do estado de Minas Gerais”.

Conforme o painel de informações sobre a dengue no estado, Juiz de Fora está com situação “favorável à transmissão” da doença, mas ainda não se pode afirmar com confiança a ocorrência de uma epidemia. A Secretaria Municipal de Saúde (SS) afirmou que, apesar do aumento no número de casos, a curva segue abaixo do esperado para o período, conforme anos anteriores. Em nota, a pasta afirmou que o Município analisa e monitora os dados periodicamente a fim de identificar rapidamente qualquer mudança no padrão de crescimento.

Já no que diz respeito a Minas Gerais, o estado lidera a quantidade de casos da doença no país, conforme o secretário de Saúde em Minas, Fábio Baccheretti. De acordo com o último levantamento da SES-MG, há 158.273 casos prováveis de dengue, sendo 59.383 confirmados. Até o momento, o Estado registrou 22 mortes pela doença em 2023. Em relação à chikungunya, foram notificados 40.824 casos prováveis da doença, sendo 13.435 confirmados e seis óbitos. O zika vírus é, até então, o que menos circula em Minas Gerais, com cerca de 0,1% de proporção, em contraste com os 79,4% da dengue e 20,5% da chikungunya.

Minas Gerais já vivenciou quatro epidemias de dengue, em 2010, 2013, 2016 e 2019. Segundo Baccheretti, a diferença deste ano é a incidência da chikungunya, pois, historicamente, os casos de dengue são predominantes. “Temos um fato novo que é a chikungunya, que não circulava em Minas. Neste ano, do número de amostras dos testes realizados, 21,5% são da doença, mas, possivelmente, temos mais casos positivos do que esse total. É um vírus novo que está circulando e pegando a população suscetível. Esse movimento veio do Norte de Minas, porque foi no Sul da Bahia que começou o registro de casos da doença”, explicou.

Expectativa de aumento de casos de dengue nas próximas semanas

O médico infectologista Marcos Moura prevê aumento de casos nas próximas semanas. Ele explica que isso se dá devido ao número de pessoas suscetíveis à doença neste ano. “Como qualquer doença viral, dengue, zika e chikungunya também são cíclicas. Ou seja, de tempos em tempos há um surto epidêmico. O último que tivemos já tem alguns anos e, por conta disso, agora temos muitas pessoas suscetíveis, principalmente jovens, que não tiveram contato com a doença.”

Em relação às demais arboviroses, o infectologista afirma que os casos de dengue sempre apresentam números mais elevados. “Primeiro que o zika e a chikungunya você só pega uma vez. Já na dengue há registro de pessoas que tiveram até cinco vezes. E, como as outras doenças precisam de um diagnóstico mais elaborado, envolvendo biologia molecular, há casos no qual a pessoa chega com os sintomas de zika ou chikungunya, mas tem a doença registrada como dengue.”

Das arboviroses, a chikungunya é a mais agressiva, a que se espalha mais rápido e mais sintomática. Moura afirma que é preciso ter cuidado com a doença, que é capaz de deixar sequelas. “As pessoas parecem que estão mais doentes, com uma febre mais intensa, dor no corpo, dor óssea. E ela pode cronificar, ou seja, passada a fase viral pode deixar lesões articulares permanentes, o que é muito grave. Por isso a importância de diagnosticar e tratar rapidamente.”

LIRAa aponta para ‘alto risco’

Divulgado em janeiro de 2023, o primeiro Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), apontou índice de infestação de 7, classificado como de “alto risco” pelo Ministério da Saúde. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o LIRAa é realizado quadrimestralmente em Juiz de Fora, em período indicado pelo Ministério da Saúde. O próximo está agendado para maio.

A maioria dos focos está dentro das residências. O tipo de depósito mais frequente foram vasos com água, pratos, garrafas retornáveis, considerados depósitos móveis, seguidos de obras, calhas e estruturas abandonadas ou em desuso.

Formas de prevenção

Conforme a PJF, como forma de enfrentar essa realidade, vistorias têm sido feitas por agentes de endemias nos domicílios e em locais considerados pontos estratégicos; ações de fiscalização e notificação pela Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur); acompanhamento da infestação pela metodologia de ovitrampas; ações de educação em saúde em feiras, escolas e outros espaços da comunidade; e mutirões de limpeza na cidade.

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