Juiz-foranas, mãe e filha deficientes visuais se preparam para o Brasileiro de Goalball
Sirlei e Gabriela Souza, do Instituto Jesus, utilizam o esporte como forma de estreitar seus laços
Mãe e filha, juntas, estreitando ainda mais suas relações através do esporte. A juiz-forana Sirlei Souza, de 54 anos, integra a equipe de Goalball do Instituto Jesus/APAE Leopoldina há quatro anos, e, em 2023, trouxe sua filha Gabriela Souza, de 13 anos, para a modalidade. No último final de semana, elas ficaram na quarta colocação da Região Sudeste 1, torneio realizado em Contagem (MG). A competição serviu como preparação do time, que será o único de Minas Gerais a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro, em setembro, em São Paulo (SP).
Superação
Sirlei nasceu com baixa visão congênita, aniridia, catarata e estrabismo – a qual superou com uma cirurgia. Quando decidiu que teria uma filha, dois anos após começar a praticar goalball, ela fez exames e recebeu a resposta do geneticista que seu caso era isolado e não hereditário, mas que mesmo assim existia o risco de sua filha ter as mesmas deficiências. “Era lançar a sorte, cara ou coroa. Poderia nascer com ou sem os problemas. A família do pai dela também tinha alguns, como a retinose, mas ela puxou só os meus”, relembra.
Desde que nasceu, a filha acompanha a mãe no esporte, tanto nos treinos quanto nos jogos. No ano passado, a garota decidiu seguir os passos de Sirlei e ingressar no esporte. Ela disputou sua primeira competição no final de 2022, junto de seu maior ídolo. “Jogar com a minha mãe é alegria total, temos muita cumplicidade. Ela é um espelho tanto na vida pessoal quanto na esportiva. Tenho muito orgulho dela”, declara Gabriela.
Através do esporte, as duas se aproximaram ainda mais e passam grande parte do dia juntas, já que realizam treinos de quarta a sábado. “O goalball para mim é paixão, superação, inclusão, dedicação e qualidade de vida. Tenho muito prazer em praticar. Eu e a Gabriela jogamos por amor. O esporte nos ajuda na educação, na disciplina e nos abre os caminhos e as oportunidades”, comemora Sirlei.
Da mesma maneira, a filha se sente grata por ter encontrado na modalidade a chance de competir e estar mais próxima de sua mãe. “Adoro praticar o goalball, gosto de ter um bom resultado e um alto rendimento. Me inclui de uma maneira incrível”, diz.
Inspiração para outros atletas
A relação de Sirlei e Gabriela é motivo de orgulho para o coordenador de esportes da equipe, Antônio Marcos Costa. “Ficamos muito honrados de ajudar uma garota de 13 anos em poder iniciar sua trajetória no esporte paralímpico junto de sua mãe. Elas amam o goalball, se sentem mais realizadas e inseridas na sociedade por conta do esporte. Isso motiva o Instituto Jesus, nos dá combustível para seguir com o trabalho”, conta.
Seja dentro ou fora de quadra, a parceria das duas é testemunhada por todos que as acompanham, conforme o coordenador. “Uma anima a outra, elas possuem um contato muito forte, buscam sempre agregar na vida da outra. No momento em que a Gabriela faz um gol importante no jogo, a Sirlei pula, grita e comemora junto. Sem dúvidas, são grandes inspirações para nós”, reconhece Antônio.