O ‘instagramável’ e o ostracismo gastronômico

Por Fábio Lessa

A rapidez na informação, associada à impressão de sucesso on-line fácil, vem deixando cada dia mais a busca pelo “instagramável”, um fator quase que obrigatório na vida das pessoas, e como sempre, a gastronomia não fica de fora. Mas que raio é ser “instagramável”? É oferecer cenários e adornos (comida no nosso caso) que rendam postagens, que viralize e traga curtidas no Instagram, a fim de gerar engajamento nas redes sociais.

Me deparei com um site trazendo o tema: “restaurante instagramável, como lucrar com essa nova tendência”, e trazia sete passos de o que fazer para embarcar nessa. O que mais me surpreendeu foi a parte que falava sobre a comida em si, apenas um tópico dedicado ao que de fato deveria ser o mais importante. A sensação que tive foi de algo extremamente superficial, onde o branding e a venda de espaço físico se tornava o grande astro da famigerada experiência gastronômica.

Pensar na aparência da comida é fator fundamental. Os empratamentos e a apresentação dos pratos são essenciais para determinar a escolha do cliente. Mas usar o termo “instagramável” como característica diferencial da casa em questão, você coloca o marketing, a divulgação e o frisson nas mídias sociais em um lugar de atenção que não deveria existir.

Favorecer a decoração da casa, oferta de pratos bonitos e uma boa iluminação para ajudar e incentivar os clientes a fotografarem, filmarem e postarem, é uma atitude muito legítima, pois a divulgação espontânea da clientela é uma ferramenta poderosíssima, mas usar o termo “instagramável” como diferencial da casa, cria um abismo entre as intenções.

As redes sociais são de extrema importância para criar uma rede de relacionamento entre chefs, cozinheiros, ajudar na divulgação do estabelecimento, colher feedbacks entre outros benefícios, além de que um feed bem trabalhado e organizado ajuda muito na divulgação do local, mas não devem ser a estrela do ambiente, muito menos o diferencial do lugar.

Ir a um restaurante somente pelo “instagramável”, buscando as fotos e os possíveis likes, se torna tão vazio e sem sentido como ir a um estádio na final da copa do mundo somente para comprar o hot dog. O show acaba ficando em segundo plano.

Fábio Lessa

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