Estado de emergĂȘncia
Cerca de um terço dos municĂpios mineiros encontra-se em situação de emergĂȘncia, carecendo de apoio do Estado e da UniĂŁo para superar os danos provocados pelas chuvas
AtĂ© essa quinta-feira (23), a Defesa Civil de Minas Gerais jĂĄ havia contabilizado 275 municĂpios em situação de emergĂȘncia e calamidade por causa dos temporais. De acordo com o Portal da Associação Mineira de Emissoras de RĂĄdio e TelevisĂŁo (Amirt), os dados revelam, ainda, que 22 pessoas morreram vĂtimas dos fortes temporais. Desde o inĂcio do ciclo das chuvas, 12.565 pessoas estĂŁo desalojadas, e outras 2.219, desabrigadas. SĂŁo dados preocupantes num estado com 853 municĂpios e que devem servir de alerta para as regiĂ”es que ainda nĂŁo sofreram problemas que as levassem a medidas de emergĂȘncia.
As prefeituras, via de regra, se queixam, e com razĂŁo, da falta de recurso, uma vez que a UniĂŁo, que centraliza a maior parte dos repasses, vem reduzindo as verbas jĂĄ hĂĄ algum tempo, e nĂŁo dĂĄ indĂcios de prioridade para os danos provocados pela instabilidade climĂĄtica. A situação das cidades afetadas Ă© uma repetição de eventos de anos anteriores. A despeito de o perĂodo das chuvas ser sazonal, os municĂpios continuam registrando as mesmas ocorrĂȘncias, e boa parte deles nĂŁo tem, sequer, iniciativas para mitigar os danos, ficando Ă mercĂȘ do prĂłprio tempo.
Os episĂłdios do litoral norte de SĂŁo Paulo sĂŁo emblemĂĄticos e devem servir de referĂȘncia para os prĂłximos eventos. O pior cenĂĄrio envolve a ocupação desordenada de ĂĄreas de risco, que nĂŁo Ă© um fenĂŽmeno exclusivo daquela regiĂŁo.
Pelo paĂs afora, fruto da perversidade social, milhĂ”es de pessoas sĂŁo afetadas. Aqui mesmo neste espaço, foi dito ontem que pelo menos dez milhĂ”es de pessoas estĂŁo nessa situação, de acordo com os dados do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemadem).
Em Juiz de Fora, salvo contratempos, a Cùmara estå pronta para encerrar a votação de mensagem do Executivo que pede aprovação para um empréstimo de R$ 420 milhÔes, a serem empregados em obras de dragagem de regiÔes jå detectadas e que, sistematicamente, apresentam problemas de alagamento.
A verba Ă© especĂfica, mas o tratamento das encostas, a despeito do que jĂĄ foi feito em mandatos anteriores, tambĂ©m Ă© uma questĂŁo em aberto, fruto da dinĂąmica das cidades. A maioria das metrĂłpoles tem a mesma demanda, resultado de populaçÔes migrantes que perambulam pelo paĂs afora Ă procura de um porto seguro para morar. O problema Ă© que nem sempre esse âportoâ tem essa garantia, e elas sĂŁo induzidas a buscar regiĂ”es de risco. No Brasil, de acordo com o prĂłprio Cemagem, sĂŁo 40 mil com esse perfil.
Diante de inaçÔes anteriores, o cenĂĄrio Ă© preocupante, jĂĄ que nĂŁo hĂĄ como solucionar tudo de uma vez. Mas nada impede – e se faz necessĂĄrio – tomar a iniciativa, a fim de reduzir esse passivo que se revela trĂĄgico especialmente no perĂodo mais chuvoso. Como todas as previsĂ”es sĂŁo de um novo clima: com chuvas mais intensas e secas mais prolongadas, Ă© fundamental os governos – em todas as instĂąncias e necessariamente coordenados – adotarem medidas preventivas.