Com a temperatura política ainda em ebulição e o mercado financeiro instável, “nervoso”, pelo final da apuração da eleição presidencial, a nova configuração partidária nacional será melhor avaliada pelo/as analistas e comentaristas especializado/as: quem perdeu; quem ganhou; quais foram as lições tiradas dessas eleições; quais são as projeções e as expectativas para o governo do ex-presidente, agora, eleito presidente novamente, Luiz Inácio Lula da Silva. Eu espero dias melhores para todos nós. Principalmente para as pessoas que estão nas filas dos atendimentos públicos para a obtenção de seus direitos sociais, direitos à saúde, direitos à vida. São a maioria da nossa população. Espero que a Política Nacional do Idoso saia do papel, assim como o Estatuto da Pessoa Idosa. E façam a diferença para melhor na vida das pessoas idosas.
É sobre a participação das pessoas idosas no processo eleitoral finalizado no dia 30 passado que desejo aumentar mais um ponto nessa Coluna de hoje. Fiquei remoçado, com mais esperança, na transformação da sociedade pela novidade que foi a diminuição da abstenção das eleitoras idosas e eleitores idosos. Ou seja: as pessoas idosas com a idade acima de 70 anos, mesmo não sendo obrigadas ao exercício do voto, compareceram às urnas.
É preciso considerar que essa presença serviu de prova de vida para os registros do Instituto Nacional de Seguro Social. O título de leitor foi também um comprovante de que o/a titular não faleceu. Mesmo com essa recomendação oficial para a continuidade do recebimento do benefício, entendo que o aumento do número de eleitor/as pode se configurar em um novo poder, que junto a tantos outros movimentos sociais e fóruns coletivos, certamente, será e é muito importante para a mudança das relações sociais brasileiras em relação ao nosso envelhecimento populacional. De menos preconceitos e mais atenção.
Os novos velhos estão chegando, assim como os alquimistas, da música cantada por Jorge Ben. É a presença do poder grisalho! E aqui falo (escrevo) velho com todo respeito e reverência, sem qualquer tom pejorativo e diminutivo que a palavra possa evocar, diante de negatividades que temos sobre o acúmulo dos anos em nós. Certo é também que, culturalmente, temos dificuldades na aceitação pessoal e social de envelhecer. Com a conquista da longevidade, com o ganho maior de tempo de vida, se faz necessário e imprescindível que a pauta do envelhecimento entre, de uma vez por todas, no planejamento público da gestão de nossas cidades. Como aqui em JF.
A propósito, desejo destacar e registrar a bela cerimônia de outorga da segunda edição do Troféu ZeneidaTeresinha Delgado, assistente social, professora da UFJF, pioneira no trabalho social público de atenção às pessoas idosas na cidade. Esse concorrido evento aconteceu no início desta semana, na Câmara Municipal, em mais uma feliz iniciativa da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.
O papel político das pessoas idosas no século XXI é fundamental! Não só pelo expressivo número que representam na composição etária de toda população, inclusive, em nossa cidade – e cada vez mais, será maior -, mas também pelas vivências e experiências daquelas e daqueles que souberam envelhecer com sabedoria. E que muitas das vezes não têm a quem entregar todo esse patrimônio humano conquistado com a idade.
Não podemos continuar permitindo que algumas pessoas idosas sejam aposentadas da vida e do convívio social. Mentes brilhantes precisam de espaços para continuar brilhando. E não sendo apagadas, esquecidas, discriminadas. Se eu falo na força do poder grisalho, é porque eu acredito no poder transformador da atuação política das pessoas idosas (junto com outras forças sociais) na re/construção de um país para todas as pessoas.