Dia Mundial da Psoríase visa a conscientizar sobre impacto na saúde mental
Doença de pele é caracterizada por lesões avermelhadas que não são contagiosas; autoestima da pessoa acometida pode ser afetada por conta do preconceito
Neste sábado, 29 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Psoríase, data criada para conscientizar as pessoas sobre a doença de pele. Desde 2016, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase, cujo slogan, neste ano, é “juntos com você”. Isto porque a doença, que é visível, pode levar ao adoecimento mental em razão dos problemas da autoestima, causando ansiedade, depressão, distúrbio bipolar e até tendências suicidas. O objetivo da data é diminuir o tabu e os estigmas atrelados à doença, que afetam psicologicamente os pacientes.
A psoríase é uma doença de pele crônica, inflamatória e autoimune que causa o surgimento de lesões avermelhadas com escamas esbranquiçadas e que descamam a pele. Apesar de não ser contagiosa, pessoas acometidas pela doença podem sofrer preconceito, já que as lesões ficam visíveis na pele e, por falta de conhecimento, outros indivíduos podem se afastar por medo de adquirir a doença.
Segundo a doutora em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professora adjunta de dermatologia da Faculdade de Medicina e coordenadora do ambulatório de Psoríase e Imunobiológicos, Shirley Braga Lima Gamonal, a psoríase afeta cerca de 3% da população mundial, sendo cinco milhões apenas no Brasil, em especial nos grupos de 30 e 40 anos e 50 e 70 anos, sem distinção quanto ao sexo.
A especialista explica que a doença pode causar coceira, queimação, dor e afetar as unhas, deixando-as grossas, descoladas, amareladas e causando alterações em sua forma, como sulcos e depressões. Além disso, a psoríase causa inchaço e rigidez nas articulações, e, em casos mais graves, destruição das articulações e deformidades (artrite psoriásica). “A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na autoestima do paciente, o que pode piorar o quadro. Muitos se sentem sozinhos na caminhada e precisam entender que têm no dermatologista um importante aliado na busca pelo bem-estar e pela saúde”, explica.
Por ser uma doença cíclica, vários fatores podem fazer com que as lesões surjam em outras partes do corpo ou piorem, como: estresse; obesidade; medicamentos – os antimaláricos, como cloroquina, por exemplo, e remédios para tratar hipertensão, como propranolol e outros betabloqueadores) e lítio, usado para transtorno bipolar; consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo ou drogas ilícitas, cujo risco é de piorar as lesões existentes ou causar resistência aos tratamentos.
Tratamento contra a psoríase
A especialista Shirley Braga Lima Gamonal, que também é responsável pelo ambulatório de Psoríase – Imunossupressores e Imunobiológicos do Hospital Universitário da UFJF, explica que a psoríase tem tratamento, que varia de acordo com a gravidade e com o estágio do paciente.
Em casos leves, o tratamento é feito com “a hidratação da pele e aplicação de medicamentos tópicos anti-inflamatórios, imunomoduladores ou derivados da vitamina D apenas na região das lesões, além da exposição solar, orientada por dermatologista. Esses fatores podem ser suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas.”
“Se as medidas do tratamento leve não funcionarem, a fototerapia (exposição à luz ultravioleta) poderá ser indicada, assim como o uso de imunossupressores e/ou imunobiológicos”, diz a médica, sobre os casos moderados a graves.
De qualquer forma, como o tratamento é individualizado, é necessário procurar um dermatologista especialista, para identificar, classificar e indicar a melhor opção terapêutica caso a caso. “Outros fatores que impulsionam a melhora e até o desaparecimento dos sintomas são uma alimentação balanceada, o controle do peso e a prática de atividade física, além de manter níveis ótimos de vitamina D. O acompanhamento psicológico também é indicado em alguns casos”, diz a doutora.
Vitamina D
Orientada pelos professores doutores Nádia Raposo e Marcos Brandão, Shirley Braga Lima Gamonal realiza um trabalho de doutorado com o intuito de avaliar a relação da Vitamina D em 554 pacientes dermatológicos, sendo 300 portadores de psoríase em placas e 254 outras dermatoses, residentes na Zona da Mata Mineira, atendidos no HU-UFJF.
Durante o estudo, chegou-se ao resultado de que quatro em cada dez pacientes apresentavam artrite concomitante e hipovitaminose D (falta de vitamina D) em cerca de 80% dos pacientes portadores de psoríase, evidenciando que os níveis da vitamina D no sangue estavam diretamente relacionados à gravidade da doença.
Assim, ela reitera a importância da vitamina D, do sol e da fototerapia no tratamento da doença. “A jornada é longa, mas o paciente deve saber que nós, médicos dermatologistas, estamos prontos para acolhê-los e ajudá-los durante todo esse processo. Queremos vê-los saudáveis e vivendo normalmente, sem sofrerem preconceito e livres de lesões”, finaliza a doutora.