Oswaldo Montenegro se apresenta neste sábado no Central
Com o show da turnê “Lembrei de nós”, o artista deve mostrar um repertório composto por sucessos de sua carreira e também novas músicas

Um dos artistas mais representativos da MPB, Oswaldo Montenegro retorna a Juiz de Fora. O cantor e compositor se apresenta, neste sábado (29), às 21h, no Cine-Theatro Central, com o show da turnê “Lembrei de nós”. Acompanhado pela flautista Madalena Sales, com quem mantém uma parceria musical de vários anos, ele deve apresentar um repertório composto por sucessos de sua carreira e também novas músicas, como é o caso de “Não há segredo nenhum”. Assim como nos outros shows da turnê, o artista promete que a apresentação será marcada por momentos intimistas, de contação de histórias e bate-papo com o público.
Influenciado pelas serestas de São João Del Rei e em atividade desde a década de 1970, Oswaldo Montenegro teve seu primeiro grande sucesso, em 1979, com “Bandolins”, defendida em um festival da extinta TV Tupi. Na década seguinte, ele emplacou músicas como “O condor”, uma das finalistas do “Festival dos festivais” da TV Globo, e Lua e flor”, que fez parte da trilha sonora da novela global “O salvador da pátria”. Ele ainda compôs músicas interpretadas por nomes como Ney Matogrosso, Zé Ramalho, Zélia Duncan e Alceu Valença, além de ser um prolífico compositor de trilhas sonoras.
Em entrevista para a Tribuna, Oswaldo Montenegro tratou da influência da seresta em sua obra, as cinco décadas de carreira, o trabalho com trilhas sonoras e a longa parceria com Madalena Sales, entre outras questões.
Tribuna – Uma coisa que achei interessante é que foi a seresta que te despertou para a música, não é? E tantos anos depois, de que forma você acha que carrega as características desse gênero que, apesar de não ser exatamente mineiro, diz muito de Minas Gerais?
Oswaldo Montenegro – Ainda busco a alma da serenata em todos os shows, interagindo com o público, batendo papo e atendendo aos pedidos. Não pode ser só um espetáculo, tem que ser um encontro. Nas serenatas aprendi a ligar música ao afeto.
Você é um artista incansável: são 50 anos de carreira, muitos discos, trilhas sonoras e atuações. Isso significa que as turnês e as viagens também são várias. Mas como encontrar um momento para compor e pensar em um outro projeto?
Eu consigo eliminando o tempo livre. Gosto de viver dentro da arte. A vida é mais colorida ali. Como dizia o poeta: “A arte existe porque a vida não basta.”
E por falar nisso, como você foi entender que sua música, para além dos discos e dos shows, poderia ser trilha sonora? E qual você acha ser o grande barato dessa modalidade: musicar cenas e danças?
Gosto da brincadeira de enxergar pelos olhos dos personagens. Sentir o que não sou, como eu seria se fosse. Quando escrevo um roteiro de um filme, componho para o enredo tentando pensar diferente do que sou. Fora das trilhas, sou mais confessional, exponho mais do que realmente vivo.
Os seus shows de certa forma, ainda unem as artes. Você tem diálogo com o público, além de proferir perguntas: coisas típicas do teatro. Como foi esse processo de entender que seria interessante unir isso em um show?
Percebi que a tecnologia atingiu um tal nível de sofisticação e opulência, que o ao vivo só despertará interesse se radicalizar esse conceito. Uma experiência que só acontece ali, naquela hora, com todos os riscos. As pessoas querem ver o trapezista sem rede.
São 50 anos de carreira e suas músicas são atemporais. A que você atribui o fato de atravessar as gerações com seu trabalho?
Não tenho a menor ideia. Apenas sou grato à vida pelo meu público ter se renovado. Nunca sonhei que ia durar tanto.
Você, no show, pergunta sobre os grandes amigos. E é difícil pensar em você sem pensar em Madalena. De que forma essa parceria diz sobre o seu trabalho?
Madalena se tornou minha irmã de alma. São mais de 40 anos tocando juntos. Trabalhou como assistente em todos os filmes, peças, balés e álbuns que fiz. Somos complementares: vivo na criação e ela tem formação erudita. Ela cuida da materialização do que eu sonho. Além disso, é um talento imenso. Toca flauta como ninguém, além da enorme cultura que possui sobre todas as artes. Mas o melhor de Madá é o caráter. Sua ética devolve, pra quem a conhece, a esperança nas pessoas.
Por fim, você vive de arte, pura e unicamente. Com tantos desafios, o que te faz insistir nela?
Insisto por prazer. Não há privilégio maior do que trabalhar no que se gosta.