Cuidados e longevidade!

Por Jose Anisio Pitico

A cada semana novos fatos acontecem. Vivemos novos dias. O tempo vai passando. Nesta semana, que tivemos a entrada da primavera, no dia 21, que além de ser o Dia da Árvore (deveria haver mais celebrações) é uma data muito importante para o fortalecimento da cidadania das pessoas com deficiência e, também, é uma data importantíssima para o calendário temático da Geriatria e da Gerontologia.  Porque é o Dia de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer. Dia de dizer para o país e para a nossa cidade que precisamos ter, urgentemente, políticas públicas para os cuidados com as pessoas idosas que, entre outras demências, convivem no seu dia a dia com a Doença de Alzheimer. Que é um tipo de demência. Temos outras. 

A Doença de Alzheimer é a mais falada, “conhecida”, porque, quando alguma celebridade pública tem esse diagnóstico, a mídia dá destaque. É uma doença crônica e degenerativa. Com a perda progressiva da memória. Entre outros comprometimentos cognitivos e funcionais. Para não correr o risco de incorrer em erros, aconselho uma consulta ao especialista, paro por aqui, para escrever sobre o “Alzheimer”. A patologia leva esse nome em reconhecimento ao cientista alemão pesquisador do cérebro de sua paciente. Alois Alzheimer. É uma doença que atinge, de todas as formas, de longe ou de perto, morando aqui ou fora do país, a vida de todos os familiares. Principalmente a vida daquelas e daqueles (mais daquelas), porque ainda é assim: geralmente, quem cuida é a mulher! É a filha, a sobrinha, a neta, a irmã. E o que vem acontecendo muito, é uma pessoa já idosa cuidar de uma outra pessoa idosa. Quando na realidade as duas precisam de cuidados. A que ponto chegamos!  Em casa tem sempre uma mulher da família que pega, como a gente fala na roça, “o touro pelo chifre”. 

Não é que os outros familiares não participem. Há uma presença e participação na esfera do cuidado, sim, mas, de acordo com as relações emocionais construídas ao longo do tempo na convivência diária. Aqui não tem erro. A gente colhe conforme a gente plantou. De afeto e de amor. Nesse momento do cuidado vários fatores de edificação amorosa vem à cena doméstica. O passado vem para o presente e o futuro fica mais curto. 

O cuidador de pessoas idosas, informal ou formal, que como eu disse, na sua maioria, ainda é a mulher, que precisa de ser cuidado também. Em casa, o cuidado ao familiar idoso tem que ser compartilhado, na medida do possível, e conforme a deliberação da pessoa idosa, com o domínio de sua gestão e independência, decidir ou não pela sua institucionalização. Cuidar de uma pessoa idosa com Doença de Alzheimer não é nada fácil. Precisamos de muito autoconhecimento. Nós que somos cuidadores familiares precisamos treinar nossa paciência. E de muito amor dispensado à pessoa, que se não fosse ela, não teríamos a vida. E outra coisa que eu quero dividir com vocês, caros leitores e leitoras: às vezes, a pessoa idosa fica bem melhor, com liberdade e autonomia, dependendo, é claro, da situação, nas denominadas Instituições de Longa Permanência do que em casa. Às vezes, a pessoa idosa encontra-se mais institucionalizada em casa do que nas residências de acolhimento. Porque em casa, nada pode. O ambiente humano no circuito familiar, não oferece atenção, afeto e nem respeito. Diante da nossa longevidade, fica a questão: quem vai cuidar das pessoas  idosas dependentes?

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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