Mais de 4.600 pacientes esperam por cirurgias eletivas em JF
PJF afirma que trabalha para reduzir espera, mas reclamações de pacientes crescem; segundo Ouvidoria, falta de contraste agrava situação
Após atingir, em abril, cerca de seis mil pacientes, a fila de espera por cirurgias eletivas em Juiz de Fora voltou a patamares registrados em dezembro do ano passado. Levantamento da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), solicitado pela Tribuna, mostrou que, até agosto, cerca de 4.623 pessoas aguardavam pelo procedimento na rede municipal de saúde. Os dados apontam ainda que, de janeiro a agosto, foram realizados 6.030 procedimentos eletivos, de diversas especialidades. Apesar da queda em relação ao número de pacientes, a demanda represada ainda é alta e a espera pela cirurgia pode levar meses. Em alguns casos, procedimentos que poderiam esperar acabam se tornando urgentes.
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que segue trabalhando para reduzir a fila de cirurgias eletivas no município, e que, entre janeiro e agosto, 23.387 cirurgias, entre eletivas e de urgência, foram realizadas. Apesar disso, entraves como a escassez de contraste, insumo utilizado para a realização de exames e intervenções hospitalares, têm prejudicado ainda mais os pacientes que aguardam procedimento. Na última semana, conforme noticiou a Tribuna, a circunstância causou a interrupção de cirurgias vasculares e endovasculares em Juiz de Fora.
Ouvidoria de Saúde já recebeu mais de mil manifestações
De acordo com a ouvidora municipal de Saúde, Samantha Borchear, o número de reclamações recebidas pela Ouvidoria de Saúde tem aumentado. Somente em agosto, o órgão recebeu 782 manifestações – média de 25 reclamações por dia. “É um número bem alto em comparação com os anos anteriores.”
Em levantamento anterior divulgado pela Ouvidoria a pedido da Tribuna, o órgão afirmou ter recebido, entre janeiro e junho, 519 manifestações formais – cerca de 86 reclamações por mês. “São manifestações as quais classificamos como solicitações, pois os pacientes/familiares recorrem a nós na expectativa de agendamento das cirurgias”, explicou Samantha. A Ouvidoria, entretanto, não realiza agendamentos de cirurgias.
Segundo o órgão, os gargalos estão relacionados à falta de profissionais (principalmente sub-especialistas) e de estrutura para absorver a demanda, que é maior que a capacidade de oferta da rede. Além disso, a ouvidora também cita o desabastecimento nacional de contraste, que tem limitado ainda mais a atuação dos hospitais.