Desfile cívico-militar em Brasília tem presença de Bolsonaro e militantes
Presidente e primeira-dama desfilaram de Rolls Royce na abertura das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil em Brasília
Aconteceu, na manhã desta quarta-feira (7), em Brasília, o desfile cívico-militar em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil. A cerimônia, na Esplanada dos Ministérios, contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, que convocou seus apoiadores para fazer um ato político. Militantes acompanharam a solenidade vestidos com camisetas verde-amarelas e carregando bandeiras do país. A abertura do evento aconteceu com a execução do hino nacional.
Acompanhados por crianças, Bolsonaro e a primeira-dama Michelle desfilaram de Rolls Royce na Esplanada dos Ministérios para dar início às comemorações do 7 de setembro. Um tanque de guerra integrava o comboio. Ao descer do carro oficial, o candidato à reeleição foi recebido pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, caminhou pela rua reservada ao desfile oficial do Bicentenário da Independência e acenou a apoiadores.
Alvo do Supremo Tribunal Federal (STF), Luciano Hang caminhou ao lado do presidente da República durante as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil. Ele também ficou ao lado do casal presidencial no palanque montado para a cerimônia. Dono da rede de lojas Havan, Hang é um dos oito empresários que defenderam, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado no país, caso o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições. Apoiadores de Bolsonaro, os empresários foram alvos de uma operação da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Bolsonaro discursa e manda recado a Fux, Pacheco e Lira
O presidente da República, Jair Bolsonaro, mandou um recado às autoridades dos outros Poderes que preferiram não comparecer à cerimônia da manhã desta quarta-feira, na Esplanada, após o mandatário fazer da cerimônia em comemoração ao Bicentenário do Brasil um ato político. “Hoje todos sabem quem é o Executivo, Câmara, Senado e todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse o presidente de cima de um carro de som estacionado em frente ao Congresso Nacional.
Os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), preferiram não comparecer às comemorações do 7 de setembro para não terem suas imagens vinculadas à do presidente, temerosos com o tom do discurso de Bolsonaro.
De fato, o presidente não tratou de amenizar o clima, como queriam integrantes da ala mais moderada da campanha. “Com reeleição, traremos para dentro das quatro linhas da Constituição todos que ousam ficar fora delas. É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da Constituição”, disse em discurso aos apoiadores, após o desfile cívico-militar.
Em outro momento, ele disse que todos podem “ser melhores no futuro” e criticou as pesquisas de intenção de voto, que o colocam atrás e seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Aqui não tem mentirosa Datafolha, é o nosso data povo”, disse, ovacionado.
Entre os manifestantes, alguns seguravam faixas com pedidos de impeachment do STF Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Pelo impeachment de Alexandre de Morais”, dizia uma das faixas, com a grafia errada do sobrenome do ministro.
Auxílio Brasil, inflação e combustíveis
O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o discurso para destacar dados econômicos como a criação de empregos, a queda da inflação e dos preços de combustíveis. Na fala a apoiadores, logo após o desfile que marcou as comemorações da Independência, o presidente também ressaltou a criação do Auxílio Brasil, que disse ser um dos programas sociais mais abrangentes do mundo.
“O Brasil ressurge com a economia pujante e uma das gasolinas das mais baratas do mundo. Tem recorde de criação de empregos e inflação despencando”, alegou o presidente da República. Bolsonaro acrescentou que o país respeita a propriedade privada e “combate a corrupção para valer”.
O presidente voltou a dizer que o Brasil passou por questões que agravaram as dificuldades econômicas, como a pandemia, e reclamou da “política errada do fica em casa”, contrariando, mais uma vez, recomendações de cientistas que defenderam o isolamento social no início da pandemia para tentar controlar a disseminação do vírus em um momento em que ainda não havia vacina. Ele disse ainda que o Brasil enfrentou consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
‘Comparação entre as primeiras-damas’
Depois de a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocar a esposa do ex-presidente da República, Janja da Silva, na propaganda eleitoral, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sugeriu nesta quarta-feira, comparar as “primeiras-damas”.
“Podemos fazer várias comparações, até entre primeiras-damas”, disse Bolsonaro, em discurso em carro de som na Esplanada dos Ministérios, após o desfile que marcou as comemorações da Independência do Brasil.
De olho no eleitorado feminino, no qual tem alta rejeição, o presidente disse que Michelle Bolsonaro “muitas vezes está na minha frente, não ao meu lado” e disse recomendar aos amigos solteiros que estão “cansados de serem felizes” que se casem “para serem mais felizes ainda”.
Na ocasião, ele também beijou a esposa, Michelle Bolsonaro, e reforçou coro de seus apoiadores que faziam menção ao seu desempenho sexual.
Após o desfile, o chefe do Executivo discursou em um trio elétrico. A programação é que ele viaje para o Rio de Janeiro, onde vai participar de uma manifestação na orla de Copacabana.
‘Tratoraço’
Em aceno do agronegócio ao presidente Jair Bolsonaro, 28 tratores desfilaram na Esplanada dos Ministérios durante as comemorações. Um grupo de produtores rurais e empresários ligados ao setor organizou o “tratoraço” como uma forma de manifestar apoio público ao candidato à reeleição. As máquinas agrícolas passaram na Esplanada após blindados militares, enquanto apoiadores do chefe do Executivo gritavam “agro”.
O movimento foi articulado pelo sojicultor e candidato ao Senado por Mato Grosso Antonio Galvan (PTB), que está à frente do Movimento Brasil Verde Amarelo – que representa cerca de 200 associações e sindicatos ligados ao agronegócio. “Vamos prestigiar o nosso presidente Jair Bolsonaro. Vamos prestigiar o Brasil. Vamos manter a nossa independência a qualquer custo e a nossa liberdade”, disse Galvan, em vídeo divulgado na terça-feira.
Galvan, que é ex-presidente da Associação de Produtores de Soja (Aprosoja), articulou também os movimentos de 7 de setembro do ano passado e foi investigado pela Polícia Federal por suposta incitação a atos antidemocráticos e contra instituições como Senado e Supremo Tribunal Federal (STF). Os 28 tratores representaram os Estados e o Distrito Federal (DF).
Após uma espécie de “peregrinação” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Mato Grosso (MT), empresários do agronegócio intensificaram as doações para a campanha à reeleição de Bolsonaro nos últimos dias. Dos 15 maiores doadores, 14 são ruralistas ou possuem atividades ligadas ao setor. Juntos, doaram R$ 3,051 milhões ao comitê bolsonarista, que tem reclamado de baixo financiamento na corrida eleitoral.
O produtor de soja sul-mato-grossense Oscar Luiz Cervi destinou R$ 1 milhão para o comitê bolsonarista e ultrapassou Nelson Piquet como maior doador pessoa física. O ex-piloto de automobilismo direcionou R$ 501 mil para tentar reeleger Bolsonaro e é o único na lista que não possui atividades ligadas ao setor.