Comunidade da Vila Esperança II se revolta após ação da PM
Um homem foi atingido por pneu e encaminhado ao HPS; PM informou que instaurou inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais
Uma ação da Polícia Militar (PM), na tarde deste domingo (14), revoltou moradores do Bairro Vila Esperança II, na Zona Norte de Juiz de Fora. Imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento, quando quatro militares armados abordam seis homens parados na calçada. Três viaturas se aproximam e, logo após, os PMs ordenam que os rapazes encostem na parede. Com a reação dos abordados, um dos militares desfere uma bala de borracha que atinge o rosto de um dos homens.
Após isso, familiares e moradores se aproximam e reagem à agressão. Em outro vídeo, é possível ver um policial jogando um pneu contra um dos homens abordados. O pneu atinge a cabeça do morador, que cai inerte no chão. Pela gravação é possível ver que uma criança presenciou o fato. O homem atingido pelo pneu foi encaminhado ao HPS e ficou em estado de observação. A Secretaria de Saúde informou que o paciente estava estável, respondendo a conversas e aguardando avaliação do buco-maxilo-facial.
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Moradores ateiam fogo contra ônibus
Na noite do mesmo dia, por volta das 20h, os Bombeiros registraram ocorrência de incêndio em coletivo na Rua Custódio Lopes de Mattos, no Bairro Vila Esperança II. Informações da PM dão conta de que a ação teria sido em revolta à atitude dos militares mais cedo naquele dia. Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas também atingiram a fiação elétrica, mas o fogo foi debelado e ninguém ficou ferido.
Sobre o ocorrido com o coletivo, a Viação São Francisco, responsável pelo veículo, afirmou em nota que fica aliviada pelo fato de não ter tido vítimas, mas “lamenta que este tipo de represália seja justamente contra o prestador de serviços, cuja função é atender à população”.
Registro policial
Sobre o ocorrido, o registro policial, obtido pela Tribuna, narra que a viatura estava em patrulhamento pelo Bairro Vila Esperança II, quando, por volta das 16h, foi “hostilizada, tendo sido perseguida por um grupo de indivíduos que estavam sentados na calçada”. Tais indivíduos teriam questionado os militares sobre a remoção de um veículo ocorrida no dia anterior, 13 de agosto.
Conforme o registro, o grupo passou a hostilizar os policiais com ameaças: “vocês vão morrer”, “quem é que manda agora”, “se passar aqui de novo a gente vai aplicar tiro em vocês”, além de injúrias proferidas com palavras de baixo calão.
A PM afirmou que todos os indivíduos eram conhecidos pelas guarnições que realizam patrulhamento diariamente no local e que eles teriam a intenção de “tomar o comando criminal deste bairro a fim de realizarem crimes como tráfico de drogas e homicídio, que estão sendo impedidos pelas ações pontuais da Polícia Militar diuturnamente no local”.
No momento em que ocorreram essas ameaças, a viatura da PM estava apenas com dois ocupantes. Os militares foram até a entrada do bairro e solicitaram apoio via rádio para realizar a abordagem e fazer a prisão dos autores por desacato.
Homem é atingido por pneu lançado por PM
O registro ainda afirma que um dos homens saiu em direção a um dos sargentos, “xingando com palavras de baixo calão, o desacatando, este autor estava com um copo de whisky em mãos com a finalidade de agredir tal militar”. Neste momento, para impedir a suposta agressão, um dos militares, “não estando com um instrumento de menor potencial ofensivo próximo a ele, lançou contra este autor um pneu de carro, vindo o atingir, logo, o autor caiu no solo onde foi algemado, preso e conduzido à viatura.”
Este homem, que recebeu voz de prisão por “desacatar funcionário público no exercício de sua função ou em razão dela”. Segundo o documento, “este pneu foi lançado pelo militar com intenção de combater a injusta agressão, tendo o militar ciência que não era um objetivo que poderia causar lesões graves no autor, ou seja, era o meio, de menor potencial ofensiva, disponível que o militar tinha para realizar tal ação de defesa à injusta agressão do autor”. O registro afirma que o pneu teria sido lançado contra os militares pelos próprios moradores contra a guarnição no momento da ação policial.
Os policiais apreenderam ainda um celular de um cidadão que filmava a ação. Segundo a PM, este, que seria testemunha do ocorrido, “entregou o aparelho em suas mãos e, logo após, evadiu do local tomando rumo desconhecido.”
Após as prisões, todos foram encaminhados a Unidade de Pronto Atendimento da Zona Norte para serem medicados, antes de serem apresentados ao delegado de plantão. Ao todo, o registro policial apontou 15 pessoas envolvidas, sendo que sete destes foram presos por resistência à abordagem policial.
Polícia alega defesa sobre lançamento de pneu
O registro ainda afirma que um dos homens saiu em direção a um dos sargentos, “xingando-o com palavras de baixo calão, desacatando-o, e que o autor estava com um copo de whisky em mãos com a finalidade de agredir tal militar”. Neste momento, para impedir a suposta agressão, um dos militares, “não estando com um instrumento de menor potencial ofensivo próximo a ele, lançou contra este autor um pneu de carro, vindo a atingi-lo, logo, o autor caiu no solo onde foi algemado, preso e conduzido à viatura.” Conforme a PM, esse homem recebeu voz de prisão por “desacatar funcionário público no exercício de sua função ou em razão dela”. Segundo o documento, “este pneu foi lançado pelo militar com intenção de combater a injusta agressão, tendo o militar ciência que não era um objeto que poderia causar lesões graves no autor, ou seja, era o meio, de menor potencial ofensivo, disponível que o militar tinha para realizar tal ação de defesa à injusta agressão do autor”. O registro afirma que o pneu teria sido lançado pelos próprios moradores contra a guarnição no momento da ação policial.
Os policiais apreenderam ainda o celular de um cidadão que filmava a ação. Segundo a PM, o tal homem, que seria testemunha do ocorrido, teria entregue o aparelho e, logo após, evadiu do local tomando rumo desconhecido. Após as prisões, todos foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Norte para serem medicados, antes de serem apresentados ao delegado de plantão. Ao todo, o registro policial apontou 15 pessoas envolvidas, sendo que sete delas foram presas por resistência à abordagem policial.
Incêndio em coletivo
O registro policial ainda contempla a ocorrência de incêndio ao ônibus urbano no Bairro Vila Esperança II. De acordo com a PM, os moradores teriam interditado diversas vias de trânsito com barricadas e materiais inflamáveis, como também teriam colocado fogo no ônibus.
A PM informou que objetos e pedras foram lançados contra a formação policial. Como resposta, os militares lançaram munições químicas e realizaram disparos de balas de borracha. Ninguém foi preso, nem ferido. A PM informou que, durante a ação foram ouvidos “disparos de arma de fogo como forma intimidativa contra os militares”. Segundo depoimento do cobrador e do motorista do ônibus, homens armados abordaram o coletivo e fizeram com que os passageiros saíssem do veículo e depois atearam fogo.
Na noite desta segunda, a Polícia Militar divulgou um vídeo com esclarecimentos sobre o ocorrido e informou que foi instaurado um inquérito policial militar, que vai apurar a conduta dos policiais e demais circunstâncias.
‘Nós estamos revoltados’, diz irmã de morador
A irmã de um dos abordados, que preferiu não ter seu nome identificado, conta que, por volta das 17h, os homens saíram da UPA e foram levados até a Delegacia de Plantão onde, por volta das 8h, desta segunda-feira (15), foram ouvidos.
Conforme ela relata, tais abordagens violentas são corriqueiras no Bairro Vila Esperança II e, desta vez, o caso ganhou repercussão por ter sido flagrado por uma câmera de segurança. A mulher ainda afirma que, na confusão, um menor de idade estava envolvido e também foi agredido pela polícia.
“Meu irmão já teve passagem por tráfico de drogas no passado, mas ele está há cinco anos sem se envolver com isso, trabalhando em uma empresa. Os policiais não encontraram nenhuma droga com eles, ou arma, se tivessem encontrado, nós da família íamos abaixar a cabeça porque eles iam estar errados, mas não tinha nada. […] Os policiais já saíram atirando, chutaram a cabeça e a barriga do meu irmão, dos outros meninos também. Nós estamos revoltados, e vamos lutar contra isso para que nenhuma outra família passe o que a gente está passando.”