Queda forçada

Por Conjuntura e Mercados

Na última terça-feira (9), o IBGE divulgou os resultados do IPCA – índice oficial que mede a inflação no Brasil. A pesquisa relatou uma queda de 0,68% no índice para o mês de julho de 2022, marcando, assim, a maior redução na taxa de inflação desde janeiro de 1980. Portanto, verificou-se uma deflação no mês, o que seria equivalente a uma taxa de inflação negativa.

De acordo com o IBGE, dois dos nove grupos analisados registraram deflação, sendo eles transportes e habitação. Para o grupo de transportes, a queda foi de 4,51% em resposta às reduções nos preços dos combustíveis, em especial da gasolina (que teve uma redução de 15,48%) e do etanol (com queda de 11,38%). Além disso, o gás veicular também registrou uma queda de 5,67%. Entretanto, o óleo diesel registrou alta nos preços (4,59%), valor acima da variação dos meses anteriores. Já no grupo de habitação, a redução foi de 1,05% e foi puxada, especialmente, pela queda nas taxas de energia elétrica residencial.

Essas quedas ocorreram pela sanção da Lei Complementar 194/22, que resultou na diminuição do ICMS sobre os combustíveis, energia e comunicação e pela redução no preço da gasolina para as refinarias, com a consequente deflação observada nos dois grupos citados.

Apesar da redução puxada pelos preços dos setores de transportes e habitação, para os próximos meses a expectativa é de que a queda no IPCA não se repita. Para exemplificar, chamamos a atenção para as altas nos preços dos setores de alimentação e bebida, despesas pessoais, vestuário e artigos de residência. Entre estes setores, a maior alta no mês de julho foi observada em alimentação e bebida (1,30%). Contribuíram para a alta da alimentação: o leite, com aumento de 25,46% e os seus derivados, como queijo, manteiga e leite condensado, além das frutas.

Por fim, vale destacar que, mesmo com o alívio provisório de julho, influenciado pela queda do ICMS, a inflação acumula 4,77% no ano e 10,07% nos últimos 12 meses. Já são 11 meses com um índice de inflação superior aos dois dígitos!

Por Gabriel Manhães e Jardel Aquino

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