À espera de um milagre

Por Marcos Araújo

Estamos à espera de um milagre. Não de um milagre divino, que se pague com promessas, velas e joelhos flexionados. Mas de um milagre mais palpável, que funcione como um soco na boca do estômago e nos faça acordar. É preciso deixar para trás este sono profundo e apático. Virar as costas para a letargia que nos impede de recomeçar.

Estamos à espera de um milagre, quase um choque mesmo, que nos coloque no jogo novamente. Que seja capaz de nos arrancar da passividade, enquanto os dados ainda rolam no tabuleiro. O tempo todo, estão tentando nos fazer de bobo. Falam de reformas, mas reformas para quem? Para poucos. Essa é a verdade e já sabemos. Existem aqueles que fingem não sabê-la por conveniência, e deles é melhor nada esperar.

Mas quero acreditar que, enquanto a verdade não se espalhe para todos, a grande maioria, por falta de puro discernimento, é levada a tomar medidas muitas vezes duvidosas. Repito: quero acreditar, pois, por mais motivos que nos levem a desacreditar nos outros, temos que lembrar da existência de uma essência humana. E mesmo que ela esteja apagada, desvanecida de tanta barbaridade, pode bastar um sopro para que reacenda.

Não tem sido fácil lidar com a realidade que está posta. Deparamo-nos, a todo momento, com atrocidades que nos atropelam e nos causam feridas físicas e metafóricas. Às vezes, me pergunto sobre o que fizemos para merecer tanta dor. Mas prefiro esquecer a questão, porque a resposta pode ser aterrorizante. A mesma essência humana que resgata – e é a respeito dessa que mencionei mais acima – pode também dizimar. Nesse sentido, não faltam exemplos na história da humanidade.

Estamos à espera de um milagre. A única certeza é de que ele não virá do céu. Que milagre é esse? Ainda precisamos descobrir, e a melhor maneira de fazer isso é sempre tentar fazer de novo, fazer melhor e buscar novos caminhos. Neste momento de tanta nebulosidade, penso que a palavra de ordem seria discernimento (aquele que já disse que falta para alguns) para vencer a ignorância, que vem maltratando o pensamento inteligente capaz de nos levar a uma salvação possível e digna.

Marcos Araújo

Marcos Araújo

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também