Melhor seria ter se calado

Por Marcos Araújo

Ao longo dos últimos dias, tenho pensando, em demasia, no impulso que leva algumas pessoas a quebrar a barreira do politicamente correto e, sem qualquer constrangimento, colocar para fora toda a falta de empatia que é capaz de sentir. Exemplos não faltam, basta abrir a internet e encontrar aqueles que nenhum apreço sentem pela dor alheia. Além das notícias, em qualquer corrida de olho nos comentários das redes, que, às vezes, se parecem mais como antissociais, é possível encontrar gente expelindo ódio.

Existe uma falha de entendimento que leva muitas pessoas a pensarem que liberdade de expressão é poder dizer o que dá na telha, mas não é assim que funciona. A liberdade de expressão encontra limite quando se trata de discursos que promovem o ódio, que incitam a violência ou a agressão. É verdade que qualquer cidadão pode expressar suas ideias, por mais bizarras que sejam, porém isso não lhe dá o direito de ameaçar e ferir outras pessoas.
Podemos considerar que, hoje, a liberdade de expressão está no centro do debate. O caso que envolve o youtuber Monark, que ganhou grande repercussão, trouxe à tona a questão das fronteiras que impõem responsabilidade, principalmente para figuras públicas com grande alcance entre seus seguidores, no que tange à liberdade de falar, opinar e de mostrar o seu posicionamento.

Não dá para esquecer que a liberdade de expressão é uma das colunas de sustentação da cidadania e que, por meio dela, são garantidas as premissas de diversidade e pluralidade, uma vez que promove e acolhe a participação de todos. Por isso, é tão importante saber ouvir e opinar com responsabilidade, para que se chegue a um consenso, sem que terceiros sejam colocados em risco. É inconcebível ser contra a existência de alguém e usar seu direito de livre expressão para defender esse tipo de pensamento. A nossa liberdade não pode acabar com a liberdade de existência do outro. Não dá para colocar na balança o que vale mais: a liberdade de expressar ou a liberdade do outro existir.

Repito: é inconcebível ser contra judeus, negros ou mulheres, porque a sociedade que almejamos precisa caminhar rumo ao progresso e ao bem-estar de todos. Portanto, não dá para usar a liberdade de expressão como capa de proteção para o cometimento de crimes.

É preciso lembrar que a propagação de discursos de ódio ou o incentivo à desinformação servem apenas para corromper nosso caminho para uma democracia plena. O mau uso da liberdade de expressão pode motivar o cerceamento ao livre fluxo de ideias. Pensar antes de falar é um bom conselho. Pensar duas vezes antes de falar é melhor ainda. Mas, se nada disso adiantar, calar-se talvez seja a melhor opção!

Marcos Araújo

Marcos Araújo

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também