Volta às aulas presenciais movimenta trânsito e escolas de JF
Alunos comemoraram retorno às salas de aula nas instituições estaduais e particulares; primeiro dia foi marcado por tráfego intenso de veículos em diversas regiões

Com a volta às aulas presenciais em 45 escolas da rede estadual, além das instituições privadas, esta segunda-feira (7) foi marcada por celebração por parte dos alunos e pelo trânsito intenso em diversos pontos da cidade. Apesar do aumento de casos de Covid-19 no último mês e da preocupação de uma parcela dos especialistas com a possibilidade de contágio, a vacinação de crianças e adolescentes impulsionou a decisão de retorno às salas de aula, que também contempla a rede municipal a partir da próxima segunda (14).
Entre os alunos do nono ano do ensino fundamental, o clima era de animação com a volta às aulas, principalmente por poderem reencontrar os amigos. Maria Eduarda Paiva, 13 anos, Maria Isabel Bezerra, 13 anos, e Gabriel Tavares, 14 anos, contaram à Tribuna que ainda cumprem as regras de isolamento e que a escola é o único lugar que estão frequentando juntos. No momento, eles se sentem seguros com a decisão da volta presencial, principalmente por já terem tomado as duas doses da vacina. “Acho que se a situação piorar, essa decisão pode mudar, mas por enquanto parece certo”, disse Gabriel.
Já Laura Magaldi, 15 anos, e Maria Eduarda Herculano, 15 anos, estão começando o primeiro ano do ensino médio. Para elas, é muito importante conseguir esse acompanhamento mais próximo com professores depois de dois anos realizando as atividades remotamente, mesmo com a escola ainda estando tentando se adaptar às novas normas. “Principalmente por começarmos a estudar para vestibulares esse ano, dá mais segurança ter um contato direto com os professores”, afirmou Laura.
Preocupação
Para Andressa Maria de Almeida, 32, professora, é difícil falar se a decisão de retorno 100% presencial foi, de fato, correta. Ela tem quatro filhos em casa, dos quais dois ainda não se vacinaram por não terem idade ou por terem sido infectados recentemente. Em sua percepção, “a situação ainda preocupa, principalmente porque já dá para ver que a escola não vai conseguir cumprir todos os protocolos. É só ver que as crianças tiram a máscara na porta, por exemplo. Fico com medo porque os casos estão aumentando”.
Para Flávia de Lima, 43, doméstica, poder levar o filho para a escola trouxe alívio. Ela sentiu o impacto de ter que ajudar o filho com as atividades escolares de forma intensa nos últimos anos, tendo que dar mais atenção e estudar junto com ele, além de trabalhar. “Com a vacinação, na última semana, sinto que esse retorno acontece em boa hora”, diz. Sua única preocupação é com as crianças que não usam máscaras adequadas e dificultam o cumprimento dos protocolos.
Trânsito intenso e chuva

Mas a volta presencial às escolas também tem impactos no trânsito da cidade. Durante esta segunda-feira, a Tribuna observou trânsito intenso desde a Rua Olegário Maciel até a Rua Santa Helena e o Bairro Dom Bosco. Neste trecho, o fluxo de carros aumentou bastante e gerou engarrafamento na parte da manhã. Durante o horário de entrada da educação infantil e saída do ensino fundamental e médio, por volta de 13h, a Rua São Mateus ficou completamente parada. Na Avenida dos Andradas, o mesmo ocorreu.
O clima também não ajudou os pais que foram buscar seus filhos no primeiro dia de aula. Na parte da tarde, o trânsito ficou pior com a chuva. A Tribuna acompanhou o movimento na Avenida dos Andradas, que ficou totalmente parado por volta das 17h.
No entorno, era possível ver a fila de pais nos portões das escolas. Antes das 17h, os responsáveis já estavam a postos, mesmo debaixo de chuva. Um dos pais que estava na fila afirmou que a única solução é sair cedo de casa, para “pelo menos evitar o trânsito na hora de ir até a escola. Mas na hora de voltar não tem como escapar do caos”, disse o homem, que preferiu não ser identificado.
A administradora Paula Gomes também foi buscar a filha em seu primeiro dia de aula na educação infantil. “O difícil foi achar vaga. Meu marido estacionou o carro a uns 200 metros da escola, e depois eu vou ligar para ele me buscar. Foi o único jeito”. Ela afirma que tem que organizar sua rotina em função de buscar a filha na escola. “Saí do trabalho umas 16h30, e até chegar em casa com ela, com certeza já vai ter passado das 18h. A gente acaba perdendo nossa tarde toda.”
Um motorista de van escolar que preferiu não se identificar afirmou que a situação já era habitual antes da pandemia, e com a volta às aulas 100% presenciais ele já esperava que a retenção no trânsito também fosse retornar. “A saída dos alunos da escola é sempre essa correria, o trânsito fica retido em toda cidade. A chuva hoje ainda veio para colaborar. Mas não tem o que fazer, tem que ter paciência. Esses primeiros dias são ainda mais tumultuados, mas conforme os pais vão se adaptando, dá uma melhorada.”
Aumento de 30% no fluxo de veículos
De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), há um aumento de cerca de 30% no número de veículos circulando nas ruas com a volta às aulas. O número, segundo a pasta, pode aumentar ainda mais com o retorno da rede municipal na próxima segunda-feira.
A secretaria afirma que as retenções foram observadas principalmente próximo às instituições de ensino e nos seus principais corredores de acesso, como as avenidas dos Andradas, Presidente Itamar Franco e Rui Barbosa, e ruas como Olegário Maciel, Bernardo Mascarenhas, Osório de Almeida, Sampaio e São Mateus. Agentes de transporte e de trânsito foram posicionados de forma estratégica para auxiliar as crianças nas travessias das escolas localizadas nos principais corredores da cidade e também para realizar ações pontuais e minimizar os transtornos, segundo a Prefeitura.
Recomendações
Para minimizar o efeito da volta às aulas no trânsito, a SMU recomenda a priorização do transporte coletivo – ônibus, transportes escolares, vans, entre outros – para reduzir o número de veículos na via.
Além disso, é importante que os pais não façam fila dupla, não estacionem em locais proibidos e respeitem a sinalização para melhor segurança viária de toda a comunidade escolar. De acordo com a pasta, o desembarque de alunos em local irregular é o fator que mais prejudica o trânsito, e o motorista ainda fica sujeito a ser autuado.
Mudança nos protocolos de segurança
As escolas estão seguindo as orientações do Protocolo Sanitário de Retorno às Atividades Escolares Presenciais para o ano de 2022, em que algumas mudanças foram feitas levando em conta o nível de transmissão comunitária da Covid-19 no estado de Minas Gerais, o aumento da cobertura de vacinação da comunidade em geral e da comunidade escolar e a capacidade de resposta do sistema de saúde do estado.

O documento estabelece que todos os alunos devem usar máscara cobrindo a boca e nariz, fazer a lavagem frequente das mãos e evitar aglomerações nos momentos de troca de turno. Além disso, o protocolo atual revogou o escalonamento de alunos. Os estudantes que apresentarem sintomas de síndromes respiratórias, tiverem resultado positivo em exame de Covid-19 ou contato com alguém que testou positivo não devem comparecer às aulas. É necessário, nesses casos, buscar atendimento médico e comunicar a escola sobre a situação.
Outra grande mudança desse protocolo é a recomendação que as aulas só sejam suspensas se forem constatados que mais de 30% dos alunos em uma turma estejam infectados. Nesses casos, os alunos devem ficar afastados do ambiente escolar por cinco dias corridos após o último resultado do exame positivo. O mesmo se aplica aos professores das turmas afastadas.