Audiência pública discute impactos da crise hídrica em JF e região
Apesar de a cidade não enfrentar racionamento de energia, o aumento das taxas de fornecimento e nova bandeira de escassez hídrica já impactam nas contas
A discussão a respeito da crise hídrica e do setor hidrelétrico em Juiz de Fora e região norteou a audiência pública realizada, na tarde desta segunda-feira (25), na Câmara Municipal. Proposta pelo presidente da Casa, Juraci Scheffer (PT), a reunião contou com parlamentares da cidade e também de municípios vizinhos. Representantes da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF) e da Cemig, além do deputado estadual Roberto Cupolillo (Betão- PT), também estiveram presentes. A discussão abordou a produção de energia elétrica e a possibilidade de apagões e interrupções no fornecimento, bem como o aumento nas contas de luz, que tem afetado o setor produtivo.
Representando a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, o assessor Francisco Campolina afirmou que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), no tocante à crise hídrica, tem feito a sua parte na operação dos mananciais a cidade (Represas de São Pedro, Chapéu D’uvas e João Penido). Segundo ele, o desabastecimento ainda não é uma questão para a cidade e para os município vizinhos. Entretanto, possíveis apagões e a iminente dificuldade no fornecimento de energia elétrica no Brasil são uma preocupação, já que o sistema de distribuição de energia no país, conforme citou, está interligado. Ou seja, Juiz de Fora não está isenta de sofrer os impactos de um eventual racionamento de energia.
Custo da energia já impacta a indústria
Conforme Campolina, apesar de a cidade ainda não enfrentar diretamente o racionamento de energia, o aumento das taxas de fornecimento e nova bandeira de escassez hídrica já impactam as contas de luz, não só das famílias, mas também das indústrias e fábricas da cidade e região.
“De julho a setembro, tivemos (a indústria) um aumento no consumo de energia elétrica de cerca de 5%. Mas isso ainda é muito pouco perto daquilo que podemos produzir, porque não temos matéria prima e mão de obra. Nenhuma das fábricas da cidade está com mão de obra em 100%. Se tivermos aumento para essa capacidade, a demanda por energia elétrica será acima de 15%. Isso representa um aumento de 127% (na conta de energia), por conta da bandeira de escassez hídrica. Nossa preocupação é de falta energia e de termos que parar a produção aqui e nas cidades vizinhas”, disse.
Preservação de Chapéu D’uvas
Presente na audiência, o deputado estadual Betão (PT) apresentou o projeto de lei 3.081, de sua autoria, que prevê medidas para preservação do manancial da represa de Chapéu D’Uvas, situado nos municípios de Antônio Carlos, Ewbank da Câmara e Santos Dumont, que abastece praticamente metade da população de Juiz de Fora. O PL tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Conforme Betão, o dispositivo estabelece uma série de normas para reflorestamento no entorno da represa.