Cerca de dez mil crianças retornam às aulas presenciais em Juiz de Fora
Retomada tem adesão de cerca de 60% das famílias com alunos na educação infantil, segundo a PJF; Secretaria de Saúde planeja campanha de multivacinação para crianças
Após um ano e meio com as escolas fechadas em Juiz de Fora, a segunda-feira (27) está sendo marcada pela movimentação de pais e alunos em mais de cem instituições de ensino, em um dos primeiros passos para o retorno das aulas presenciais em instituições municipais e particulares. Nesta primeira etapa, dez mil crianças da educação infantil retornam às escolas, segundo a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Na esteira da retomada, a Secretaria de Saúde da PJF anunciou, em entrevista coletiva à imprensa realizada na manhã desta segunda, que planeja uma campanha de multivacinação para os jovens, com foco na regularização dos esquemas vacinais de crianças e adolescentes previstos pelo Calendário Nacional de Vacinação. A Administração municipal também destrinchou o protocolo de notificação de casos de contaminação pela Covid-19 em meio à comunidade escolar.
Segundo a PJF, a campanha de vacinação voltada às crianças vai acontecer entre os dias 1º e 29 de outubro. No próximo sábado (2 de outubro), a Prefeitura realiza o Dia D, quando todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) vão operar durante a manhã e à tarde para atender as crianças com imunizações atrasadas. “Nós vamos colocar em dia a carteirinha vacinal das crianças e adolescentes de até 15 anos com todas as vacinas que estejam irregulares. Nós temos vacinas importantes, como a da poliomielite e a tríplice viral”, explica a subsecretária de Atenção em Saúde da PJF, Joana D’arc da Costa Zanelli.
Protocolos contra a disseminação do coronavírus
Também no escopo de ações para tentar oferecer maior segurança na retomada, principalmente contra a Covid-19, a pasta municipal explicou como será a triagem de casos prováveis de contaminação pelo coronavírus em instituições de ensino. Pelo protocolo, membros da comunidade estudantil podem ficar até 14 dias afastados das escolas em caso de infecção, seja por contaminação identificada em escolas ou fora delas.
O protocolo ainda define as medidas a serem tomadas em casos de surtos. Se ocorrer mais de um caso suspeito ou confirmado na mesma sala de aula, a turma terá as atividades presenciais suspensas por 14 dias. Caso ocorra mais de um caso entre pessoas de diferentes salas ou que tenham tido o contato com outras turmas do mesmo turno escolas, a suspensão será válida para todo o turno.
Ocorrerá a suspensão de aulas em toda a escola caso seja notificado mais de um caso suspeito ou confirmado que os envolvidos sejam de turmas e turnos diferentes. Por fim, é prevista a suspensão de todas as aulas presenciais no município em caso de piora nos indicadores epidemiológicos da cidade.
No último sábado (25), a PJF publicou uma normativa no Diário Oficial do Município que obriga a notificação de casos de Covid-19 pelos estabelecimentos de ensino. “Para que a Secretaria de Saúde consiga fazer um trabalho técnico e que consiga acompanhar a situação da volta às aulas, nós precisamos que as escolas e os pais se responsabilizem, também, no monitoramento”, reflete a secretária Ana Pimentel.
A secretária de Saúde também destacou a compra de cinco mil testes de Covid-19 antígenos para a comunidade escolar. Anteriormente, a secretaria municipal já havia anunciado a instalação de dez novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricos, todos no Hospital João Penido, e 15 leitos de enfermaria distribuídos por outras unidades hospitalares do município.
Crianças retornam às aulas
Mais de dez mil crianças voltam às salas de aula a partir desta segunda-feira em Juiz de Fora, segundo a PJF. O número contabiliza apenas os estudantes de cerca de 60% das famílias que optaram por aderir ao ensino presencial na educação infantil.
A Tribuna esteve na Escola Municipal Paulo Rogério dos Santos, Bairro Monte Castelo, na Zona Norte, na manhã desta segunda, para registrar a movimentação de pais e alunos após um ano e meio de atividades remotas. Nesta manhã, retornaram os alunos do 2º período, em três turmas diferentes.
Para a diretora da instituição, Tatiane Fernandes, o retorno gradual foi um facilitador para que a escola estivesse preparada para receber as crianças. “O retorno está sendo organizado há meses. A Prefeitura disponibilizou os protocolos e, em cima deles, nós organizamos o nosso plano de retorno especificamente para a escola”, explica. As medidas foram apresentadas aos pais dos alunos na última semana em reunião, com 50% das famílias aderindo ao retorno híbrido.
No interior da escola era possível notar as adaptações feitas no espaço físico. Dentro de sala, as mesas individuais estão separadas por 90 centímetros, com ocupação de um terço da capacidade. No refeitório, uma base de acrílico faz a separação entre os trabalhadores e as crianças, limitando também o número de alunos por mesa.
Mães avaliam positivamente
A primeira criança a chegar na escola foi Bernardo, de seis anos, acompanhado pela mãe, Fabiana de Paula. “Foi muito complicado (o ensino remoto), porque ele (Bernardo) só quer ficar brincando no celular, na televisão. Eu preferi a volta, porque sei que, na escola, ele vai ter o acompanhamento”, conta Fabiana.
Já a aluna Liz, também de seis anos, foi levada pela mãe, Joseane Pena, para a reestreia na escola. Segundo Joseane, o medo da exposição à Covid-19 ainda existe, mas as adaptações realizadas pela escola são um fator de alívio. “Eu vim na reunião e vi que está tudo direitinho. Mas o colégio deixou bem claro que, se eu não quiser (enviar a filha para a escola), posso parar”, alerta a mãe.