Audiência trata sobre enchentes recorrentes na região do Monte Castelo
Câmara ouviu moradores afetados, técnicos e representantes do Executivo em busca de soluções para alagamentos frequentes
Aconteceu, na tarde desta terça-feira (29), uma audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) a respeito das enchentes frequentes no Bairro Monte Castelo. A reunião foi proposta pelo vereador Sargento Mello Casal (PTB), com a convocação do secretário de Obras (SO), José Walter de Andrade Ávila Júnior, e do subsecretário de Defesa Civil (SSDC), Luís Fernando Martins.
A audiência ainda teve como convidados proprietários de terrenos e moradores do Bairro Monte Castelo. Representando a Prefeitura (PJF) também estavam presentes a secretária de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur), Aline Junqueira, e o presidente da Cesama, Júlio César Teixeira.
De acordo com o requerimento, as enchentes na região foram agravadas nos últimos anos por diversas intervenções no prolongamento da Rua Paulo Moreira Guedes e no antigo acesso da Estrada São Pedro pela Rua Agulhas Negras, que teriam contribuído para o assoreamento do córrego da região.
Relatos de problemas frequentes
Após a abertura, realizada pelo presidente da CMJF, vereador Juraci Scheffer (PT), no qual foi destacada a importância do Legislativo debater demandas como essa em audiência pública, o vereador Mello Casal apresentou um vídeo mostrando os estragos causados pela chuva em janeiro deste ano.
Lembrando da sua infância no bairro, o vereador afirmou que, desde então, a situação em nada teria mudado, pelo contrário, teria sido agravada com o crescimento da região. De acordo com ele, não basta indenizar os afetados se os problemas persistirem. “As pessoas não querem só pagamento, querem solução. As pessoas vão morrer perdendo os seus bens. Precisamos fazer as obras na região o mais rápido possível. Nós temos esse poder de ajudar as comunidades”, destacou.
Os moradores do bairro Clério da Silva, Marcelo Oliveira Palomino e Leonardo Mascarenhas foram convidados a falar sobre os problemas recorrentes. Foi destacada a força da água que desce do Parque das Águas, levando consigo pedaços de pedra, barro e argila, causando deslizamento de terra e entupimento de manilhas, além de danos no asfalto e abertura de crateras nas vias. Segundo os moradores, as fortes enxurradas chegam a derrubar muros, danificar carros e invadir residências.
Plano de intervenção da Secretaria de Obras
Em sua fala, o secretário de Obras José Walter apresentou o planejamento de uma série de intervenções no Monte Castelo programadas para os próximos meses. De acordo com ele, as obras acontecerão nas ruas Rogério Scoralick, Agulhas Negras e Paulo Moreira Guedes, entre outras. “A gente pretende, neste ano, não ter água descendo na Paulo Moreira Guedes”, afirmou.
Já o presidente da Cesama, Júlio César Teixeira, destacou que um dos principais problemas de Juiz de Fora é a falta de impermeabilização do solo. “As ruas não possuem drenagem e, quando a água não tem para onde correr, ela acha um jeito. O problema de drenagem na nossa cidade é muito grande e todo o sistema precisa ser repensado, precisa continuidade, planejamento”, disse.
Manifestação dos vereadores
Juraci Scheffer afirmou que, em alguns locais, obras menores poderiam resolver problemas da população. “Talvez não precisamos de milhões, mas de uma retroescavadeira, limpeza de bocas de lobo, ações factíveis que solucionem as demandas dos moradores que sofrem tanto com aquelas situações”, disse.
André Luiz (Republicanos) destacou que toda a cidade carece de captação das águas pluviais. “Precisa-se cuidar da infraestrutura. Não pode resolver um problema criando outro”, afirmou. Já Tiago Bonecão (Cidadania) perguntou se é possível fazer um levantamento dos pontos da cidade carentes de melhorias, com o objetivo de buscar financiamentos. “A gente só fala que não tem condições de fazer. Vamos trabalhar em conjunto’.’
O presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Trânsito, Meio Ambiente e Acessibilidade, Zé Márcio Garotinho, relembrou que no local onde hoje estão os empreendimentos da “Minha Casa, Minha Vida”, Parque das Águas e Nova Germânia, era a Fazenda Santa Cândida que, nos anos 1980 e 1990, produzia alimentos para as escolas públicas da cidade.
Em 2008, com a criação dos bairros, alega, o local não teve nenhum tipo de fiscalização de projeto de drenagem. “Sem a supervisão adequada, a área que tinha muitas nascentes, pastos e era produtora de alimentos ficou impermeável. Além disso, é preciso lembrar que o Bairro Monte Castelo precisa, também, de obras de infraestrutura”, afirmou.