Irmã Maria da Graça Diniz Peixoto deixa legado de solidariedade
Religiosa idealizadora do projeto “Comunidade Esperança” morreu aos 105 anos
O legado da irmã Maria da Graça Diniz Peixoto segue como inspiração em Juiz de Fora. A religiosa faleceu em Belo Horizonte, na última quinta-feira (27) aos 105 anos de idade. Ela era uma das integrantes da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor e vivia na instituição há cerca de 30 anos. Irmã Maria da Graça foi sepultada no cemitério Bonfim, na capital.
A freira idealizou o projeto “Comunidade Esperança”, em 1990, no Instituto Padre João Emílio em Juiz de Fora. A intenção era a promoção do bem-estar e a qualidade de vida para famílias em vulnerabilidade social, oferecendo atividades no contraturno escolar, para que crianças e adolescentes tivessem um espaço adequado para estar, com reforço escolar, atividades lúdicas e alimentação. A iniciativa atravessou três décadas e segue ativa, impactando a vida de famílias juiz-foranas.
O projeto trabalha com crianças de 6 a 11 anos de idade, com auxílio de funcionários, voluntários e estagiários e é mantido com contribuições da população. A coordenadora pedagógica da instituição, Helaine Viana de Andrade, conta que não teve a oportunidade de conhecer a irmã Maria da Graça de perto, só a viu uma vez, em uma visita rápida que ela fez ao Instituto, quando a freira já estava com o estado de saúde muito debilitado. A congregação confirmou que a religiosa há algum tempo vivia acamada.
Helaine conta que o que sabe a respeito da irmã Maria da Graça vem do que as outras irmãs contam e, também, da obra que ela idealizou, com a qual a coordenadora pedagógica convive diariamente há nove anos.
“Ela deixou um exemplo de amor ao próximo, do qual Cristo sempre fala. ‘Temos que amar ao próximo como a nós mesmos’. Ela viveu esse grande exemplo de amor, de caridade, de humanidade. Até hoje as pessoas procuram a instituição para deixar uma palavra amiga para as crianças, para contar uma história. Tudo o que a irmã pregava, é exercido”, conta Helaine.
Mesmo depois que a Congregação das Irmãs do Bom Pastor entregou o patrimônio e a administração do Instituto Padre João Emílio à Arquidiocese, em 2015, o projeto idealizado pela irmã Maria da Graça seguiu em funcionamento. “Eu vejo uma contribuição muito bacana, porque veio transformar a vida de muitas crianças e adolescentes. Vejo que é muito importante a continuidade que a Arquidiocese está dando a essa obra”, reconhece Helaine.
Para a coordenadora pedagógica, o trabalho ensina não só às crianças e adolescentes, mas expande seu raio de ação a todos que têm contato com ele. “O projeto me ensinou várias coisas. Sou formada em pedagogia, nessa parte da educação vejo que não se trata de só trazer esse conhecimento, vai além. Quem trabalha no instituto tem esse ensinamento do envolvimento, da doação, da caridade. Me ensinou a ser mais humana, caridosa e mais amorosa com o outro. Não é só chegar para trabalhar, para educar, ou coordenar uma instituição que é o meu papel, é ter esse envolvimento com o todo, com os pais, os mais vulneráveis, ter um outro olhar para a sociedade em geral.” E acrescenta: “É um legado muito bonito para a cidade Juiz de Fora. O trabalho continua, quem quiser conhecer, ajudar, colaborar, pode nos procurar.”