PF deflagra operação contra fraude no pagamento do auxílio emergencial
Policiais cumprem 66 mandados de busca e apreensão em 39 municípios mineiros, incluindo Juiz de Fora, São João Nepomuceno e Volta Grande
A Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta quinta-feira (18), 66 mandados de busca e apreensão em 39 municípios mineiros. A operação “Terceira Parcela” visa a combater fraudes no pagamento do auxílio emergencial, do Governo federal. Na Zona da Mata, os policiais federais realizaram a ação em Juiz de Fora, São João Nepomuceno e Volta Grande. Também estão sendo cumpridos sete mandados de busca e apreensão nos estados de Bahia, Tocantins e Paraíba. Ainda não foram divulgados detalhes sobre as ações desencadeadas em cidades da região.
De acordo com a PF, o objetivo da operação é identificar fraudes massivas, bem como desarticular organizações criminosas que causam prejuízo ao programa assistencial. Na primeira etapa de investigação, os policiais têm como alvo quem pagava contas com valores obtidos pelo desvio de auxílios emergenciais.
Em Minas Gerais, cerca de 200 policiais federais participaram da operação, cumprindo os mandados de busca e apreensão em 39 municípios. São eles: Araguari, Belo Horizonte, Betim, Caetanópolis, Campanha, Campestre, Contagem, Cristiano Otoni, Divinópolis, Dores de Campos, Governador Valadares, Itamarandiba, Ituiutaba, Jaíba, Juiz de Fora, Lagoa Santa, Luz, Machado, Mateus Leme, Montes Claros, Mutum, Nova Lima, Paracatu, Paraopeba, Passos, Patos de Minas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Presidente Olegário, Ribeirão das Neves, Sabará, Salinas, Santa Maria de Itabira, Santo Antônio do Monte, São João Nepomuceno, Sete Lagoas, Uberlândia, Unaí e Volta Grande.
A investigação ocorre em conjunto com Ministério Público Federal, Ministério da Cidadania, Caixa Econômica Federal, Receita Federal, Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União, que participam da Estratégia Integrada de Atuação contra as Fraudes ao Auxílio Emergencial.
A Tribuna entrou em contato com a Comunicação Social da Polícia Federal em Minas Gerais a fim de saber sobre os resultados da ação, mas não obteve resposta. De acordo com o jornal O Tempo, de Belo Horizonte, onde foi realizada uma coletiva pela Polícia Federal, as investigações se concentraram principalmente em grandes organizações que chegavam a captar recursos dos beneficiários e também em nome de pessoas que não teriam direito ao auxílio para pagar contas de água, luz e telefone.
As fraudes foram descobertas após a Caixa receber um alto número de contestações de beneficiários, com reclamações de que o auxílio emergencial não teria chegado até eles, apesar do sistema acusar que o valor já teria sido utilizado.
A Polícia Federal também acredita que bilhões de reais deixaram de ser desviados. “Nós conseguimos evitar, juntamente com os outros órgãos que fazem parte da estratégia integrada, que 3,8 milhões de benefícios fossem pagos indevidamente. Se você multiplicar por R$ 600, que é o valor do auxílio, dá R$ 2 bilhões. Se multiplicar ainda por três, que seria o número de parcelas, chegamos a R$ 6 bilhões. Muito dificilmente essa quantia total seria ressarcida”, pontuou o delegado Cleo Matusiak Mazzoti, que participou da coletiva.
Conforme informou O Tempo, a operação também tem o objetivo de identificar, a partir de celulares e computadores apreendidos, a participação de cada indivíduo no esquema criminoso, além do núcleo e suas ramificações pelo país. O delegado da Polícia Federal Adriano Gechele de Oliveira, que coordenou a operação em Minas Gerais, disse, na coletiva, que os investigados possuem perfis variados. “Em Minas Gerais foram cerca de 50 alvos. Temos perfis de todos os tipos. Essa é só uma etapa, onde nós estamos buscando elementos para continuar as investigações”, afirmou.
Devolução
A Polícia Federal orienta que pessoas que tenham recebido o auxílio emergencial indevidamente procurem uma agência da Caixa a fim de fazer a devolução, para que não respondam criminalmente pelo ato.
Como informou o jornal O Tempo, ninguém foi preso nesta etapa, mas, caso fique comprovado o delito, os investigados na operação poderão responder pelos crimes de organização criminosa e fraude. Outras tipificações também podem ser enquadradas, dependendo do que for apurado ao longo da investigação.