Confronto de ideias

Durante duas horas e 20 minutos, os candidatos e as candidatas à Prefeitura de Juiz de Fora mediram forças, nessa quinta-feira, no debate promovido pelo Grupo Solar de Comunicação – Rádio CBN e Tribuna de Minas – em parceria com a UniAcademia – Comunicação e Publicidade -, transmitido ao vivo pela CBN e pelas plataformas digitais, num ato derradeiro diante dos eleitores da cidade antes do pleito deste domingo. Todos os 11 indicados compareceram.

A caça ao voto, iniciada tão logo foram homologadas as candidaturas, se desenvolveu sob formato distinto este ano em decorrência da pandemia do coronavírus. As redes sociais tornaram-se o terreno de apresentação dos projetos, mas os debates continuaram sendo a melhor forma de confrontá-los, sobretudo quando há ideias tão diversas em torno da gestão do município. Os candidatos abordaram vários temas e tiveram espaço para apresentarem seu contraditório, dentro do que já se esperava deles: divergência, sim. Descortesia, não.

Houve, é fato, momentos mais tensos do que outros, mas até mesmo a ação dos estrategistas teve influência no comportamento de cada um. Já há algum tempo, percebeu-se que o eleitor, em vez da briga em torno de biografias, prefere o enfrentamento envolvendo propostas. Desconstruir oponente soa bem para as bolhas, mas nunca para o todo. Diante do cenário dicotômico dos últimos dois anos, pelo menos, o eleitor já começa a dar mostras de que o nós contra eles está se tornando cansativo, principalmente pelas suas consequências. Ele só distancia as pessoas que antes, a despeito de suas divergências, tinham convivência.

Tal modelo interessa a poucos, bastando ver o exemplo dos Estados Unidos, com a vitória do moderado Joe Biden. Em vez de postar-se como um guerreiro, pronto para o combate, caminhou pela trilha da conciliação. O resultado, a despeito da contestação de Donald Trump, foi mostrado nas urnas. Biden também fugiu das artimanhas do terreno digital, no qual muitos políticos flertam com as fake news.
Como já foi avaliado neste mesmo espaço, sua propagação tornou-se danosa à medida que foge da essência da campanha. Em vez de propostas, os interessados nesse modelo invertem a lógica, atacando o outro, e não as suas ideias.

Há anos, o Grupo Solar realiza debates. Desde os tempos analógicos, a proposta passa pela avaliação de projetos, pois é isso que interessa ao eleitor. Os pleitos municipais, embora resvalem nas causas nacionais, são próprios para o eleitor considerar quem está pronto para atender às suas demandas imediatas, como saúde, segurança, educação e lazer. É um momento único que antecede a ida às urnas, quando ele vai confirmar os projetos daquele, ou daquela, que o convenceu durante a jornada de campanha.