Cadela policial Kiara se aposenta e já está em sua nova casa
Animal trabalhou na Polícia Militar de Juiz de Fora durante oito anos e se destacava nas ações policiais
Depois de oito anos em serviço para a Polícia Militar de Minas Gerais, somando mais de 400 operações, a cadela pastor alemão Kiara de Lieudegard se aposentou na última semana dos trabalhos na Ronda Ostensivas Com Cães (Rocca). Especializada e destaque na detecção de entorpecentes, armas e munições, o animal hoje com nove anos vai passar a viver na casa do cabo Augusto Silva, um dos policiais militares com que mais trabalhou nos últimos anos. A pastor alemão já está adaptada a nova rotina de brincadeiras e passeios com a nova família e desfrutando das alegrias de ser “apenas” um PET.
Os cães que compõem as Rondas Ostensivas com Cães em Juiz de Fora pertencem ao Pelotão de Policiamento com Cães da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado, sediada no Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste da cidade. Eles podem trabalhar até o limite máximo de 10 anos de idade. Após esse período de trabalho, eles podem permanecer na Instituição ou serem destinados a terceiros, desde que o futuro dono não tenha histórico relacionado a maus tratos a animais. Mas a maioria deles fica com o policial com quem trabalhava, seu condutor.
A relação entre Kiara e o cabo Augusto começou em 2011, assim que eles se viram pela primeira vez, no canil que cede cães para a PM. “Antes de a Kiara chegar, tínhamos uma cadela na Rocca com a qual me apaguei muito, porém, ela não se mostrou apta ao serviço policial e foi embora. Eu fiquei muito chateado com isso. Então, fomos procurar outro cão para faro de entorpecentes. Assim que a Kiara me viu no canil, ficou diferente, pulando no box. Quando fui até ela, ficou carinhosa, parece que foi ela quem me escolheu. Desde então, tinha ela como se fosse minha, tinha um apego emocional muito grande e um carinho especial por ela”, disse o cabo, destacando que outros policiais também conduziam a cadela nas ações.
Kiara sempre se destacou nas ações policiais em Juiz de Fora, estando em inúmeras ocorrências importantes, em grandes apreensões de entorpecentes e outros ilícitos. O cabo comentou que quando a cadela chegava aos locais onde iria farejar, até os suspeitos perguntavam se “aquela era a Kiara”. Os cachorros das Rondas Ostensivas com Cães (Rocca) são aliados dos policiais militares no combate à criminalidade. Eles acessam facilmente locais que os homens não conseguiriam adentrar sem grande esforço e têm como trunfo audição e olfato poderosos.
Despedida em grande atuação
A última ocorrência da pastor alemão foi no último dia 21, no Bairro São Benedito. Kiara fez buscas em um terreno vago e encontrou 222 pinos de cocaína e mais 180 Papelotes da mesma substância, duas buchas e seis tabletes de maconha e um galão de loló.
No dia seguinte, seu destino foi a casa do cabo, onde já viviam mais quatro cães. “Meu sonho sempre foi com que ela passasse o resto de sua vida aqui comigo, de levá-la para passear, ela assistir TV comigo e deitar na grama com toda a minha família. Ela já está bem adaptada, se inseriu com facilidade e já brincando com os novos amigos. Também já faz passeios na rua”, disse o militar.
Um novo integrante assumirá o seu lugar na PM com a missão de continuar a prestando serviços de excelência. Trata-se do cão Sadan de Lieudegarde, da raça Pastor Alemão, filho do Pastor Alemão Airon de Lieudegarde, também integrante da Rocca e destaque entre os cães. De acordo com o comandante da Rocca em Juiz de Fora, tenente Geovane, Sadan já demonstrou que veio para ficar, e já tem revelado ser mais um excelente cão policial.
Treinamento de um cão policial
Os cães começam a ser adestrados com seis meses de vida e, por volta de 1 ano e meio, estão prontos para o trabalho policial. Antes de ser treinado, o perfil de cada cão é analisado. O objetivo é saber se o animal está apto para atuar na polícia. A partir desta seleção, começam a ser treinados, de acordo com suas aptidões, para a busca de drogas ou a captura de suspeitos de crime.
A primeira etapa do adestramento geralmente é a repetição de palavras curtas – ordens como “senta” – até o animal aprender a reconhecê-las. A segunda é uma recompensa, como um petisco ou brinquedo, dada quando esses comandos são obedecidos. Na fase mais avançada, o bicho é lapidado na área que irá atuar. No caso dos que irão buscar drogas, popularizou-se a crença de que os treinadores viciavam os animais em entorpecentes para que fossem eficientes em achá-los. Porém, o único estímulo utilizado no treinamento feito no Canil é uma bolinha. Eles só podem brincar com o objeto depois de realizar com sucesso a sua tarefa.
Quando os cães são destinados à captura de suspeitos, a primeira etapa do treinamento se baseia no policial marcar uma trilha com ração, para que ele vá farejando e pegando os petiscos. Os animais de captura também são capacitados para atacar e imobilizar suspeitos. Eles ainda estão aptos a desarmar criminosos, sempre seguindo o comando do policial que o conduz.
Trabalho intenso
De acordo com o comandante da Rocca em Juiz de Fora, “a vida desses cães é muito intensa. Eles passam por um treinamento diário acompanhado de seus militares condutores, que se dedicam a zelar pela saúde e bem estar dos seus cães, ao mesmo tempo em que estão sempre juntos nas mais diversificadas missões a eles confiadas. Por onde passam, chamam a atenção. Quem observa os cães policiais, nem imaginam como é a rotina desses cães e de seus condutores”, disse.
Segundo ele, os militares que conduzem esses cães de trabalho também se submetem a um treinamento árduo, que os prepara e os habilita ao serviço com os animais. “O trabalho requer uma dedicação além do normal, pois além de cuidar de sua proposta segurança, o policial precisa estar em sintonia com seu parceiro de trabalho, a fim de atingirem o resultado a eles confiado”, comentou.
Operações
Segundo levantamento feito pelo 2º Batalhão, entre 1º janeiro e 13 de agosto deste ano, os cães policiais foram responsáveis pela identificação de 191 buchas de maconha e mais 95 tabletes da mesma substância, 642 pedras de crack, 289 papelotes de cocaína dez comprimidos de ecstasy, 11 cartuchos de arma de fogo e um simulacro de arma de fogo.
Já as ações que contaram com o apoio da Ronda Ostensiva Com Cães (Rocca) resultaram em 821 buchas de maconha e 363 tabletes da mesma substância, sete pés e uma semente da planta, 13 carregadores de arma, 10 cigarros de maconha, 67 cartuchos de arma de fogo, 306 pedras de crack, 72 comprimidos de ecstasy, 188 bolas de haxixe, 17 frascos de loló e três simulacros de arma de fogo.