ViolĂȘncia contra as pessoas idosas: atĂ© quando?

Por Jose Anisio Pitico

O leitor e leitora mais atento/a vai perceber que nĂŁo Ă© a primeira vez que escrevo uma coluna com esse mesmo tĂ­tulo. NĂŁo deixa de ser um tema recorrente. Como nunca Ă© demais, pelo contrĂĄrio, precisamos cada vez mais, escrever sobre temas relacionados ao nosso envelhecimento. E ao envelhecimento de todas as pessoas que vivem em nossa cidade. Precisamos falar, conversar, escrever, debater cada vez mais sobre o nosso processo de envelhecimento humano. Dentro e fora de casa. Esse Ă© o propĂłsito desse importante espaço aqui na coluna que, graças Ă  Deus, tem merecido a leitura de muita gente. O que me honra profundamente. Estamos diante da grande novidade do sĂ©culo XXI: o envelhecimento populacional. O mundo estĂĄ envelhecido. Nossa cidade tambĂ©m. Com a proximidade das eleiçÔes municipais nĂŁo dĂĄ mais para o/as candidato/as nĂŁo abordarem o tema do envelhecimento em seus discursos, narrativas e planos de governo. É a bola da vez! Com a complexidade que lhe Ă© peculiar, o envelhecimento traz vĂĄrias nuances e possibilidades de vivĂȘncias singulares e muito circunscritas ao ambiente em que se desenvolve.

E entrando propriamente no tĂ­tulo dessa coluna – ViolĂȘncia contra as Pessoas Idosas, atĂ© quando?, desejo contextualizĂĄ-lo agora. Primeiro dizer que, o dia 15 de junho, foi definido como sendo o Dia Mundial de Conscientização sobre a ViolĂȘncia contra as Pessoas Idosas pela OMS. Foi preciso instituir um dia para chamar a atenção das autoridades, estados, famĂ­lias e comunidade sobre a existĂȘncia da violĂȘncia contra os idosos. Infelizmente nĂŁo Ă© de hoje que isso acontece. Independente da faixa de idade das pessoas. Desde que o mundo Ă© mundo, a velhice Ă© um tema polĂȘmico, de difĂ­cil aceitação e com pouca consideração social e pĂșblica ao longo da histĂłria da humanidade. No Brasil, entĂŁo, historicamente, a preocupação com a população Ă© quase nula, para nĂŁo dizer inexistente. Temos que reconhecer o pioneirismo do trabalho social do Sesc do Estado de SĂŁo Paulo – e daĂ­ para as outras unidades regionais do paĂ­s.

Assim como as velhices sĂŁo distintas. A violĂȘncia contra as pessoas idosas, infelizmente, tambĂ©m se apresenta sob diferentes maneiras e tipos. Todo tipo de violĂȘncia precisa ser denunciado. Procure o NĂșcleo de Atendimento ao Idoso – NAI – da PolĂ­cia Civil, no Santa Cruz Shopping, no 3Âș andar. E nessa ĂĄrea de violação de direitos se faz necessĂĄrio a implementação de medidas de saĂșde pĂșblica para nĂŁo sĂł proteger, mas tambĂ©m, preservar os direitos sociais das pessoas idosas. Outros canais de recebimento de denĂșncias devem ser acionados. As Unidades BĂĄsicas de SaĂșde. Os CREAS. Centros Regionais Especializados de AssistĂȘncia Social. O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, sito Ă  Rua Halfeld, 450/7Âș andar, no centro da cidade. A ComissĂŁo da Pessoa Idosa da CĂąmara Municipal.

Esse tipo de comunicado de realização da denĂșncia Ă© muito complexo para acontecer, porque, geralmente, conforme as autoridades especializadas da ĂĄrea nos informam, os principais agressores nĂŁo estĂŁo nas ruas. Claro que, lamentavelmente, Ă© considerĂĄvel o nĂșmero de pessoas idosas que sĂŁo agredidas no contexto das ruas. Em portas de agĂȘncias bancĂĄrias. Abordagens agressivas e desrespeitosas acontecem em plena luz do dia, enfiando goela abaixo emprĂ©stimos consignados, provocando endividamentos desnecessĂĄrios hĂĄ muitos idosos. Mas, os agressores, em sua grande maioria, estĂŁo em casa. SĂŁo filhos, filhas, netos e netas, sobrinhos e sobrinhas que praticam atos de violĂȘncia contra as pessoas idosas: fĂ­sica, maus-tratos, psicolĂłgica, sexual, abandono, negligĂȘncia, abuso financeiro e econĂŽmico, violĂȘncia medicamentosa. AlĂ©m da violĂȘncia institucional que acontece, muitas das vezes, no nosso ambiente pĂșblico de trabalho e prestação de serviços.

Para o enfrentamento dessa realidade, acredito em algumas açÔes. Por exemplo: realização de campanhas educativas pĂșblicas de sensibilização da comunidade sobre a necessidade do respeito e atenção Ă s pessoas idosas. Um trabalho articulado intersetorialmente com as secretarias municipais que possam dar respostas concretas hĂĄ ocorrĂȘncias de casos de violĂȘncia . Uma cidade melhor exige respeito Ă s pessoas idosas!

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontĂłlogo. De PorciĂșncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. TambĂ©m Ă© colaborador da RĂĄdio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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