Já há algum tempo que gostaria de dedicar o espaço dessa coluna para falar acerca da importância do Sistema Único de Saúde, o SUS, para nós, brasileiros. Porém, a cada semana, tantos outros assuntos nos chegam à flor da pele, que o SUS, sem jamais menosprezar sua relevância, ficava guardado entre minhas ideias.
Atualmente, há muito o que se falar sobre o SUS. Existe a questão da liberação do uso de cloroquina, e há o fato de que em muitos estados, os leitos de UTI estão caminhando para uma situação de colapso. Todos esses temas merecem ser abordados, mas quero colocar em evidência aqui o quanto a pandemia causada pelo coronavírus, que deixou o mundo todo diante de uma das mais desafiadoras situações desde a II Guerra Mundial, nos põe de frente com a necessidade de luta pelo SUS.
É certo que, dos países com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil é o único que conta com serviços gratuitos de forma universal. Já pararam para pensar sobre a grandiosidade disso? Já pensaram que, com a imensa população pobre que temos, em meio à crise sanitária provocada pela Covid-19, o SUS é a melhor carta que temos nas mãos para enfrentar esse jogo mortal?
De acordo com o Ministério da Saúde, “o SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país”. Ele tem o objetivo, por mais problemas que apresente, de ser um direito de todos, desde o nascimento e ao longo da vida, visando à prevenção e à promoção da saúde.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a criação do SUS – que preciso ressaltar ser um dos avanços que conseguimos a partir da Constituição de 1988 – prevê uma gestão de ações e serviços de forma solidária e participativa entre a União, os estados e os municípios. “A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.”
Como podemos ver, o Sistema Único de Saúde foi inaugurado com um leque muito grande de abrangência e, apesar de suas mazelas, a população carece compreender que não é algo do qual podemos abrir mão. Jamais! É desolador pensar que, para a grande massa de brasileiros, a ascensão social passa pela questão da posse de um plano de saúde e não pelo desenvolvimento do SUS, para que ele possa, de fato, prestar o atendimento para o qual foi engendrado. Ao negarmos o SUS e optarmos pela consulta na rede privada, claro que me refiro aos têm esse privilégio, é como se estivéssemos renunciando, um pouco de cada vez, a essa conquista histórica.
Nós, enquanto população, temos a obrigação de saber que o debate acerca da saúde pública não é coisa que só diz respeito ao governo ou aos médicos, mas a toda a sociedade. Urge, por parte das autoridades, olhar para o SUS deixando para trás interesses políticos e eleitorais. Se todos tivessem informações precisas e conhecimento real dos problemas enfrentados pelo SUS, a maneira de enxergá-lo seria outra. Ao se discutir a saúde pública, além da inclusão de temas como moradia, alimentação e saneamento básico, também é necessário a educação, que serve para prevenção e para abrir nossos olhos!