MPMG investiga fim de convĂȘnio entre Juiz de Fora e Arsae
Desde a Ășltima segunda-feira, serviços da Cesama estĂŁo sem ente fiscalizador
O MinistĂ©rio PĂșblico de Minas Gerais (MPMG) instaurou, nesta quinta-feira (7), um inquĂ©rito preliminar para investigar o fim do convĂȘnio de regulação e fiscalização da prestação de serviços pĂșblicos de abastecimento de ĂĄgua e de esgotamento sanitĂĄrio entre o MunicĂpio de Juiz de Fora e a AgĂȘncia Reguladora de Serviços de Abastecimento de Ăgua e de Esgotamento SanitĂĄrio de Minas Gerais (Arsae). Desde 2012, a Arsae regulava os serviços prestados pela Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) conforme o marco regulatĂłrio do saneamento bĂĄsico brasileiro – Lei 11.445/2007. O inquĂ©rito estĂĄ sob os cuidados do promotor Juvenal Martins Folly, da 13ÂȘ Promotoria de Justiça de Juiz de Fora, na ĂĄrea de atuação de defesa do consumidor.
ApĂłs o fim do convĂȘnio, na Ășltima segunda (4), a Arsae notificou ao MPMG o encerramento de suas atividades de regulação e fiscalização sobre os serviços de abastecimento de ĂĄgua e esgotamento sanitĂĄrio em Juiz de Fora. Em nota Ă Tribuna, a agĂȘncia reguladora disse que atuou entre 2012 e 2020 e prestou ârelevantes contribuiçÔes para avanços na prestação dos serviços Ă populaçãoâ. No entanto, de acordo com a Arsae, a aplicação de recursos na ampliação, no reparo e na melhoria dos sistemas de abastecimento e tratamento de esgoto e o cumprimento de metas estabelecidas estĂŁo sem um ente autĂŽnomo fiscalizador devido ao fim do convĂȘnio. Como mostrado pela Tribuna em 30 de abril, a Prefeitura de Juiz de Fora nĂŁo havia, atĂ© entĂŁo, procurado a Arsae para manifestar o interesse em estender o convĂȘnio.
Conforme a Arsae, âĂ© de suma importĂąncia o MunicĂpio estabelecer novos procedimentos de regulação frente Ă Ășltima revisĂŁo tarifĂĄria realizada em janeiroâ. Para este ano, a agĂȘncia reguladora inseriu R$ 45 milhĂ”es anuais nas tarifas para aplicação na melhoria de serviços. âEste montante foi estabelecido a despeito da apresentação pela Cesama de um plano de investimentos estruturado, mas atrelado ao cumprimento de metas estabelecidas a serem monitoradas pela Arsae e que condicionariam a liberação dos recursos. Contudo, com o encerramento do convĂȘnio, a aplicação dos recursos e o cumprimento das metas ficam sem um ente autĂŽnomo fiscalizadorâ, explica a autarquia estadual. A Tribuna fez contato com o procurador Juvenal Martins Folly para questionar o objetivo do inquĂ©rito preliminar, mas, atĂ© a edição desta reportagem, nĂŁo conseguiu contato.
Ao ser questionada sobre a investigação instaurada pelo MPMG, a Prefeitura de Juiz de Fora, por sua vez, respondeu que aguardarĂĄ a notificação oficial do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/MG) para se manifestar. Contestado sobre a vacĂąncia de uma agĂȘncia reguladora dos serviços de abastecimento de ĂĄgua e esgotamento sanitĂĄrio, o Executivo afirmou que avalia qual serĂĄ o caminho tomado para a regulação dos serviços prestados pela Cesama. âAlĂ©m de a possibilidade de renovação com a Arsae, o MunicĂpio jĂĄ recebeu outras propostas, e o martelo ainda nĂŁo foi batido.â De acordo com a Prefeitura, serĂŁo levados em consideração para a escolha itens como âqualidades dos serviços prestados, experiĂȘncia e o custo da Taxa de Fiscalização Sobre Serviços PĂșblicos de Abastecimento de Ăgua e Saneamento (TFAS), uma vez que as despesas da concessionĂĄria sĂŁo arcadas pelas tarifas cobradas dos consumidores finais.â
Cesama
Ă Tribuna, a Cesama afirmou, em 30 de abril, que “tem prazo, atĂ© novembro, para elaborar um plano de investimentos para os prĂłximos quatro anos, com uma mĂ©dia de R$ 45 milhĂ”es a serem aplicados anualmente”. âO prazo coincide com a revisĂŁo do Plano Municipal de Saneamento BĂĄsico (PMSB), que estĂĄ sendo feita pela Prefeitura, e nortearĂĄ os investimentos a serem realizados. No que cabe Ă Cesama, o foco serĂĄ sempre na universalização dos serviços de ĂĄgua e esgoto, redução de perdas e otimização de processos.â
Arsae acompanhou investimento de R$ 260 milhÔes
No Ășltimo ciclo do convĂȘnio, ao discutir a primeira revisĂŁo tarifĂĄria em 2016, a Arsae e a Cesama acordaram em investir R$ 260 milhĂ”es durante o quadriĂȘnio 2016-2019 em abastecimento e tratamento de esgoto no municĂpio a partir das necessidades apontadas Ă Ă©poca pelo Plano Municipal de Saneamento BĂĄsico. De acordo com a Nota TĂ©cnica 14/2016, cuja autoria Ă© da Coordenadoria de Regulação e Fiscalização EconĂŽmico-Financeira da Arsae, estavam previstos R$ 111 milhĂ”es com recursos prĂłprios, R$ 95 milhĂ”es com recursos nĂŁo onerosos e R$ 53 milhĂ”es com recursos onerosos a serem captados.
âNos Ășltimos quatro anos, desde a revisĂŁo tarifĂĄria de 2016 atĂ© hoje, a Arsae acompanhou os investimentos realizados pela Cesama e observou que, em mĂ©dia, foram investidos cerca de R$ 45 milhĂ”es anuais na ampliação, no reparo e na melhoria dos sistemas de abastecimento de ĂĄgua e de esgotamento sanitĂĄrio de Juiz de Fora. Destes R$ 45 milhĂ”es, parte foi direcionada para um plano de investimentos acordado com a Arsaeâ, explica, em nota, a agĂȘncia reguladora. Conforme a Arsae, nos Ășltimos quatro anos, houve âredução de 10% nas despesas operacionais, mesmo atendendo um nĂșmero 6% maior de pessoas, ampliação dos recursos destinados para manutenção e treinamento, redução de 63% nos gastos indesejĂĄveis (patrocĂnio de eventos, viagens e etc.), aumento de 30% nos investimentos e criação da Tarifa Social para a população de baixa rendaâ.
Em janeiro deste ano, a Arsae apresentou em audiĂȘncia pĂșblica na CĂąmara Municipal o detalhamento dos pontos integrantes da revisĂŁo tarifĂĄria periĂłdica da Cesama, que sinalizou para a adoção de um reajuste mĂ©dio de 0,32% nas tarifas, a ser aplicado a partir de 1Âș de abril de 2020, entre outros pontos. Entretanto, em 24 de março, a Cesama foi autorizada pela prĂłpria Arsae a prorrogar o reajuste para 1Âș de junho devido Ă pandemia do coronavĂrus.