Estado anuncia medidas para conter avanço do coronavírus em Minas

Aulas nas escolas estaduais poderão ficar suspensas até fim de abril. Saúde receberá verba para hospitais, mas governo não garante pagamento ao funcionalismo nas datas previstas nos próximos meses


Por Carolina Leonel

19/03/2020 às 10h34- Atualizada 19/03/2020 às 10h37

Em meio à pandemia de coronavírus (Covid-19), o Governo de Minas Gerais adotou medidas para conter o avanço da doença no Estado, disponibilizando R$ 40 milhões para a saúde e estendendo a suspensão das aulas nas escolas estaduais. O governador Romeu Zema (Novo) anunciou as determinações por meio de transmissão ao vivo na tarde desta quarta-feira (18), para informar à imprensa e aos mineiros as providências e as circunstâncias enfrentadas pelo Estado com o avanço da doença no país.

O governador destacou que a determinações estaduais estão acontecendo à medida que o cenário da Covid-19 se altera em Minas. A partir disso, Zema antecipou que, na próxima sexta, anunciará novas medidas a serem adotadas pele rede estadual de ensino. Segundo ele, a suspensão das aulas se estenderá até o fim de março ou de abril. “Provavelmente essa suspensão (das atividades escolares) irá se estender em todo estado. Tudo que estamos fazendo está sujeito a mudanças. Essa pandemia muda bastante. Nós não temos condições de tomar medidas (com antecedência) porque o cenário tem mudado.” Até então, o governo havia definido que parte da rede estadual deveria suspender a aulas entre esta quarta e o próximo domingo (22).

Com relação à Saúde, o secretário Carlos Eduardo citou que a pasta estadual receberá do Governo federal uma verba de R$ 40 milhões. O montante, segundo ele, será destinado às demandas hospitalares e Centros de Tratamento e Terapia Intensiva (CTIs). Além disso, Minas recebeu 50 leitos de UTI. De acordo com Zema, o Estado possui hoje 2.800 leitos deste tipo, cuja taxa de ocupação é de 73%. Por isso, a partir de agora, o Estado tomará medidas para reduzir o índice, como a suspensão temporária da realização de cirurgias eletivas.

Essa medida, na avaliação do secretário de Estado de Saúde Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva, também é uma medida de “proteção” para os pacientes, uma vez que os “procedimentos têm risco aumentado com o coronavírus”. Além do titular da pasta, participaram da transmissão a secretária-adjunta da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Luísa Barreto, e o secretário de Estado de Segurança Pública, Mario Lucio Alves de Araújo.

Plano de contingência

Conforme o Governo de Minas, o plano de contingência para o coronavírus será revisto. A atualização do documento deve ser publicada nesta quinta. O objetivo, conforme Carlos Alberto, é comunicar a gestores hospitalares e municipais em que fase da doença cada cidade está e quais medidas deverão ser tomadas, a partir de orientação do Estado. “Nosso objetivo é fazer com que o plano de contingência dos municípios estejam alinhados com o do Estado.”

O secretário informou ainda que 400 exames para avaliação de coronavírus já foram processados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Segundo o titular, os testes que resultam negativo ainda são tratados pela epidemiologia antes de serem contabilizados como descartados. Conforme a pasta, os exames, na rede pública, são indicados para “pessoas que estão nos grupos de riscos e que têm sintomas”.

Governo não garante pagamento nas datas previstas para os próximos meses

Ainda durante a transmissão do vídeo, Zema afirmou que o Estado continuará efetuando o pagamento dos salários do funcionalismo. O governador, no entanto, não garantiu pontualidade nas datas previstas para os próximos meses. Conforme ele, nas atuais circunstâncias, há projeção de queda de R$ 530 milhões na arrecadação em 2020. “A previsão é que a atividade econômica venha a se reduzir. Isso está acontecendo no mundo todo, e o Estado vai arrecadar menos. A arrecadação caindo, teremos de reduzir despesas”. A princípio, o governo afirmou que pretender rever alguns contratos anteriormente firmados. Apesar dos impactos na economia, ele avalia que ainda é “prematuro falar em recessão”, mas que não deverá haver criação de empregos.

Em relação ao trabalho dos servidores estaduais, a secretária-adjunta da Seplag, Luísa Barreto, informou que o trabalho remoto tem sido definido paulatinamente, de modo a não prejudicar os serviços públicos prestados. Conforme Luísa, servidores que se enquadram nos grupos de riscos para contágio de coronavírus já foram liberados para teletrabalho. Além disso, na noite desta terça, Zema determinou ponto facultativo para os servidores estaduais que trabalham na Cidade Administrativa até a próxima sexta. A previsão é que o teletrabalho seja liberado aos servidores da Cidade Administrativa a partir da próxima semana.

A Seplag já trabalha com a possibilidade de estender o trabalho remoto a todos os servidores estaduais. Contudo, essa medida deverá ser adotada aos poucos, priorizando os municípios que contabilizam mais números de casos e transmissões comunitárias e locais. “É importante que o funcionalismo adote as medidas de prevenção para que a gente possa ter a maior segurança. As secretarias de estado têm seguido as orientações da Saúde sobre os momentos em que as medidas devem ser adotadas”, relatou a secretária-adjunta. Os serviços essenciais ao público não serão interrompidos.

Alerta
O governador frisou a necessidade de alerta aos mineiros e solicitou que, neste momento, o isolamento social seja priorizado e que as pessoas tenham consciência. Ele usou a situação vivida por ele como exemplo. Na segunda, Zema teve contato com pessoas que testaram positivo para a Covid-19. Desde então, ele se manteve em isolamento domiciliar. “Ontem (terça) eu fiz questão de ficar em minha casa isolado, porque eu tive contatos com duas pessoas que deram resultado positivo para o coronavírus. Como havia o risco, até que o resultado ficasse completo, eu fiz questão de ficar resguardado. Solicito a todos os mineiros que fiquem quietos o máximo que puderem”. Na noite desta terça, ele mesmo informou que seu teste para coronavírus deu negativo. Por esse motivo, nesta quarta, o chefe do Executivo retomou o expediente na Cidade Administrativa.

“Especialmente os jovens, que têm o sistema imunológico mais forte, às vezes podem ter a doença e não manifestar sintomas. Com isso, eles podem estar transmitindo a doença para pais e avós. O jovens têm de ter um zelo maior, podem estar levando o vírus pra família sem saber. O ideal é se preservar”, recomendou. “Se o Estado adotar medidas, mas as pessoas não contribuírem, nós não vamos ser bem sucedidos.”

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