Juiz da 3ÂȘ Vara Federal de JF pede transferĂȘncia de Adelio para Barbacena
Cabe agora à Vara de Execução Penal da cidade a decisão pelo acolhimento no Hospital Jorge Vaz
O juiz da 3ÂȘ Vara Federal de Juiz de Fora, Bruno de Souza Savino, solicitou, nesta sexta-feira (13), Ă 5ÂȘ Vara Federal de Campo Grande, responsĂĄvel pela corregedoria da PenitenciĂĄria Federal de Campo Grande (MS), a transferĂȘncia de Adelio Bispo de Oliveira para o Hospital PsiquiĂĄtrico e JudiciĂĄrio Jorge Vaz, em Barbacena, a cerca de 100 quilĂŽmetros de Juiz de Fora. Conforme informou a Secretaria de Estado de SaĂșde de Minas Gerais (SES/MG) Ă Defensoria PĂșblica da UniĂŁo (DPU), o estabelecimento psiquiĂĄtrico Ă© o Ășnico apto a recebĂȘ-lo em Minas Gerais. Em 2 de março, o juiz federal Dalton Igor Kita Conrado negara o pedido de Savino para a permanĂȘncia de Adelio, autor do atentado ao entĂŁo presidenciĂĄvel Jair Bolsonaro, em Campo Grande. Como consta nos autos da decisĂŁo, a transferĂȘncia para Barbacena tem a anuĂȘncia do prĂłprio Adelio. Cabe agora Ă Vara de Execução Penal da Comarca de Barbacena a decisĂŁo pelo acolhimento ou nĂŁo de Adelio no Jorge Vaz.
ApĂłs Savino solicitar Ă 5ÂȘ Vara Federal de Campo Grande a manutenção do acautelado na capital sul-mato-grossense, uma vez que garantiria a sua integridade fĂsica e seria justificada pelo seu grau de periculosidade, o MinistĂ©rio PĂșblico Federal (MPF) e a DPU questionaram a permanĂȘncia de Adelio no sistema penitenciĂĄrio federal. Mesmo assim, os argumentos iniciais foram reiterados pelo juiz da 3ÂȘ Vara Federal de Juiz de Fora ao solicitar a transferĂȘncia de Adelio para Barbacena. “Ă oportuno frisar que permanece a convicção deste juĂzo quanto ao perigo a que estarĂĄ exposto o executado, na hipĂłtese de ser inserido em hospital psiquiĂĄtrico judicial, onde os internos convivem diuturnamente entre si e os nĂveis de segurança sĂŁo evidentemente bem menores. (…) Outra razĂŁo pela qual se pautou este juĂzo (…) refere-se Ă possĂvel persistĂȘncia do intento em se consumar o ato delitivo, atentando contra a vida do presidente da RepĂșblica e do ex-presidente Michel Temer“, explica, nos autos, Savino.
O antigo advogado de Adelio e atual curador, Zanone Manuel de Oliveira JĂșnior, tambĂ©m era contrĂĄrio Ă sua saĂda do sistema penitenciĂĄrio federal, uma vez que o acautelado “correria riscos de ser assassinado”. O curador, inclusive, avalia a possibilidade de recorrer a cortes internacionais para manter Adelio em Campo Grande. Contudo, os pareceres contrĂĄrios do MPF e da DPU se baseiam em comunicado do Departamento PenitenciĂĄrio Nacional (Depen). De acordo com o ĂłrgĂŁo, a PenitenciĂĄria Federal de Campo Grande, bem como qualquer unidade do sistema penitenciĂĄrio federal, carece de estrutura adequada para executar a medida de segurança, ou seja, oferecer a Adelio as condiçÔes necessĂĄrias para tratĂĄ-lo do transtorno mental delirante persistente. EntĂŁo, o juiz Dalton Igor Kita Conrado determinara o retorno do acautelado a Minas Gerais ao negar o pedido de renovação de permanĂȘncia em Campo Grande.
Depois da decisĂŁo proferida pela 5ÂȘ Vara Federal de Campo Grande, a DPU solicitou Ă SES/MG informaçÔes sobre a existĂȘncia de hospitais pĂșblicos psiquiĂĄtricos com estrutura para cumprimento de medida de segurança de internação, Ă qual fora condenado Adelio por tempo indeterminado. “(A DPU) obteve a informação de que o Estado somente dispĂ”e do Hospital PsiquiĂĄtrico de CustĂłdia Jorge Vaz, localizado no MunicĂpio de Barbacena e vinculado Ă Secretaria de Estado de Justiça e Segurança PĂșblica de Minas Gerais, que realiza a gestĂŁo de vagas da instituição. A possibilidade de transferĂȘncia da PenitenciĂĄria Federal de Campo Grande diretamente para o Jorge Vaz foi comunicada pela DPU ao executado (Adelio), que declarou, por escrito, estar de acordo”, manifesta Savino. Conforme o titular da 3ÂȘ Vara Federal de Juiz de Fora, como nĂŁo hĂĄ carceragem na Delegacia de PolĂcia Federal em Juiz de Fora, serĂĄ apropriado o encaminhamento direto do acautelado para Barbacena.