Emergência climática: a hora de agir já passou
O transbordamento do Rio Paraibuna em virtude do grande volume de chuva inesperado – que caiu não só em Minas, mas no Sudeste brasileiro – é parte da emergência climática no mundo. Não é de hoje que cientistas de diversos países alertam para a necessidade de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater o aquecimento global.
Dirão aqueles de má-fé, ou ainda aqueles que não tiveram oportunidade de estudar um pouco mais a fundo a questão, que o aquecimento global não se sustenta, porque estamos sentindo frio em pleno verão. As previsões dos cientistas para um futuro que já chegou, e antes mesmo do esperado, já diziam que experimentaríamos eventos extremos, como muito calor ou muito frio, secas e chuvas muito fortes, enchentes e o fim da ocorrência de estações definidas.
Essas previsões têm nos avisado que isso vai acontecer ano após ano, e o que vemos é que não nos preparamos para isso. Não levamos a sério a necessidade de criar planos de mitigação e adaptação à emergência climática. A fatura começou a chegar, e mais cedo do que esperávamos.
Em matéria publicada nesta Tribuna de Minas no dia 4 de março sobre o transbordamento do Paraibuna, nos comentários dos leitores, muita gente apontou a necessidade de dragagem do rio. Mas é preciso bem mais do que isso. O nosso modelo de urbanismo – e isso não só em Juiz de Fora, mas em todas as capitais e cidades grandes e médias do país e do mundo – optou por privilegiar os carros, construindo grandes vias nas várzeas dos rios – áreas que absorveriam as enchentes, pois são naturalmente voltadas a acomodar as vazões maiores dos rios. Moradias também começaram a ser construídas em áreas de encostas e mesmo de várzea. Isso sem falar no problema do saneamento. Hoje ninguém quer morar perto de rios, pois quase todos os cursos d’água estão poluídos por esgoto e lixo.
Continuamos ignorando a emergência climática, construindo e remendando cidades na lógica do século XX. Parece que só nos mexemos quando, literalmente, a “água bate na bunda”. Pois agora ela bateu forte. Enquanto o Governo federal segue desmontando a área de inteligência climática e detonando todo o protagonismo que o Brasil teve desde a Rio-92 nas questões ambientais, é hora de olharmos para perto de nós. Temos eleições para prefeitos e vereadores este ano. Os governos locais podem fazer a diferença. Tanto para a nossa qualidade de vida como para o país.
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