Chapéu DUvas controla nível do Rio Paraibuna durante período chuvoso
Manancial, que também abastece a população de Juiz de Fora, é o responsável por evitar o transbordamento do rio em períodos de instabilidade atmosférica
A chuva que se tornou frequente desde o início do ano, em Juiz de Fora e nas cidades da região, revela um de seus lados mais positivos nas réguas que medem o nível dos reservatórios que atendem o município. Com 84,4 % de sua capacidade, a represa de Chapéu D’Uvas opera em seu maior nível para o mês de fevereiro pelo menos dos últimos seis anos, conforme levantamento da Cesama. Na avaliação da companhia, trata-se de um índice que pode ser considerado dentro da normalidade, tendo em vista o acumulado de chuvas registrado na cidade desde janeiro até o dia de fechamento desta reportagem, em 14 de fevereiro, que são 539 milímetros. Para se ter ideia, o índice representa 33% de todas as precipitações previstas para a cidade em 2020, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Construída na década de 1950, a partir de desapropriações de áreas rurais habitadas pertencentes aos municípios de Ewbank da Câmara, Santos Dumont e Antônio Carlos, a Represa de Chapéu D’Uvas foi criada para regular o nível do Rio Paraibuna, de forma que a vazão seja estancada em casos de períodos de chuvas constantes, evitando enchentes em Juiz de Fora, como era comum no início do século passado. Além disso, a represa, que é 11 vezes maior que o manancial João Penido, tem a função de garantir a perenização do rio durante a estiagem, para evitar, principalmente, o mau odor causado pelo esgoto in natura depositado diariamente em seu leito através dos córregos de contribuição.
“O manancial foi projetado para oscilar desta forma, devido a sua função de impedir o transbordo do Rio Paraibuna. Neste sentido, desempenha papel importante na regulação do volume do rio”, explicou Márcio Augusto Pessoa Azevedo, diretor técnico-operacional da Cesama.
Por causa deste papel, as oscilações no nível do manancial ao longo do ano são consideradas normais. Entretanto, chama atenção o índice de acumulação no início de 2020, se comparado ao mesmo período dos anos anteriores. Ano passado, por exemplo, Chapéu D`Uvas estava com pouco mais da metade do volume registrado atualmente, com aproximadamente 48% da sua capacidade máxima, estimada em 148 milhões de metros cúbicos de água.
Por desempenhar o importante papel de impedir as enchentes no entorno do leito, em Juiz de Fora, Chapéu D’Uvas é uma represa que, por medidas de segurança, não pode operar com sua capacidade máxima de acumulação de água. Por isso, controlando o nível do Paraibuna diariamente, a Cesama tem promovido descargas (liberação da água) de forma contínua, como explicou Márcio. Está tudo dentro do esperado. A represa está cumprindo sua função, o que não quer dizer que estão descartadas as ocorrências de possíveis problemas. Se o volume de chuvas for maior do que o comportado pelo rio, e daquilo que esperamos, possivelmente haverá transbordamento”, informou Pessoa, fazendo referência às precipitações inesperadas que ocorreram em Belo Horizonte no final de janeiro e causaram grandes estragos e até mesmo mortes.
Barragens estão seguras, garante Cesama
Também dentro da normalidade estão as represas Doutor João Penido e São Pedro, com índices de 86% e 93%, respectivamente. No caso da primeira, construída na década de 30, a capacidade de acumulação é de 16 milhões de metros cúbicos, enquanto o manancial da Cidade Alta é menor, com 1,2 milhão de metros cúbicos.
Mesmo próximas da capacidade total de armazenamento, a operação dos lagos é considerada segura pela companhia de abastecimento. João Penido, por exemplo, recebeu reforço em sua estrutura de barragem na década de 80, além de possuir drenos que garantem o controle da vazão. Já São Pedro, assim como João Penido, tem na barragem uma estrutura formada por terra compactada e pedra, considerada adequada.
Plano de emergência
Apesar da garantia de segurança, a Cesama vai finalizar os planos de ação de emergência para as três estruturas neste semestre, como já informado pela Tribuna no início deste mês. No documento, deverão estar presentes simulações para casos de desastres, como por exemplo a identificação de quais seriam as áreas do município afetadas em uma eventual ruptura das barragens. Também estabelece as medidas serem tomadas nesta circunstância, bem como as rotas de fuga para as pessoas que estiverem nas zonas quentes.
Esta será a primeira vez que um estudo desta natureza será realizado para estas represas, em parceria com a UFJF. Além disso, conforme o diretor técnico-operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo, as barragens são monitoradas frequentemente, sendo mais uma medida preventiva.
O monitoramento das três estruturas é feito de forma similar com o auxílio de equipamentos como os piezômetros, que servem para aferir a pressão que a água faz no interior do maciço; sensores ultrassônicos, que medem o nível da represa; e marcos topográficos, que avaliam se há deslocamento. Além disso, são realizadas também inspeções visuais.