‘Mas nem todas as coisas convêm’


Por Denise Pereira Rebello, Comunidade Espírita "A Casa do Caminho"

14/02/2020 às 05h50

Figura marcante na história do Cristianismo, Saulo de Tarso, o doutor da lei, converte-se de perseguidor a divulgador da mensagem de Jesus. Embora não tenha conhecido pessoalmente o Cristo, torna-se apóstolo tardio às portas de Damasco, quando, mediunicamente, encontra-se com o Mestre, que lhe busca o coração: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Arrebatado pelo amor de Jesus, torna-se propagador de seu Evangelho, na luta incessante pela divulgação do Cristianismo.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são permitidas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Coríntios 6:12), escreve Paulo, o Apóstolo, à comunidade de Corinto, na Grécia.

De tempos remotos à atualidade, é válida a reflexão: tudo me é permitido, mas nem tudo me é conveniente. No ontem e no hoje, apesar de contextos diferentes, a orientação é dos cuidados que se devem ter com a liberdade. Somos todos livres e diferentes. Somos livres para fazer nossas escolhas, seguir esse ou aquele caminho, optar por essa ou aquela verdade. Porém, quando seguimos o caminho apontado por Jesus, nem tudo nos é lícito. Segui-lo, além do amor ao próximo e do perdão às ofensas, significa também aparar as arestas da nossa personalidade e combater sistematicamente a ilusão.

Muitos andam distraídos e queixosos, presos a paixões, a bens materiais ou aos vícios de todo tipo, algemados a uma ilusória liberdade. Emmanuel, em mensagem psicografada por Chico Xavier, dá um parecer sobre a liberdade: “Se ainda não conheces os ensinamentos do Cristo, estás livre para fazer o que gostas, mas, se já aceitaste as lições de Jesus, estás livre para fazer o que deves”.

Para buscar Jesus, seu amor e sua divina influência, necessário se faz retificar a estrada em que se tem vivido, reajustar valores e regenerar os impulsos mais íntimos, a fim de que a caminhada seja de liberdade santificada, não só em nosso favor como do nosso próximo.

Outro aspecto a ser observado a partir da insígnia de Paulo é que toda ação produz uma reação. A lei de causa e efeito está presente nas atividades mais simples; se a semeadura é livre, a colheita é compulsória, e com ela nos defrontaremos hoje ou amanhã. A Doutrina Espírita explica que nada acontece ao acaso, há em tudo uma sequência natural de ação e reação. Cada um de nós traz inscritas em sua consciência as leis de Deus, assim como usufruímos do livre-arbítrio; dessa forma, somos responsáveis por nossos atos. Em lugar de vítimas, somos artífices do nosso presente; com o que fizermos do hoje construiremos o nosso futuro.

Jesus trouxe a liberdade, ao trazer a verdade que liberta, porque esclarece e orienta, protegendo-nos dos descaminhos e, consequentemente, das dores e dos sofrimentos. Se buscamos a luz, busquemos o roteiro do Mestre, construindo um novo presente e um amanhã de paz e harmonia: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12).

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