Inflação na saúde


Por Hugo Borges, Presidente da Unimed Juiz de Fora

26/01/2020 às 06h27

As regras de reajuste da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) colocam em xeque a continuidade da comercialização dos planos de saúde individuais. A maioria das operadoras já excluiu a modalidade da cesta de opções e tem priorizado a venda, quase exclusiva, do Plano Empresarial, cuja correção é acertada entre as partes em livre negociação, sem interveniência da agência reguladora. O Sistema Unimed é um dos poucos que ainda oferecem os planos individuais e familiares – pessoa física -, o que nos permite recomendar uma revisão urgente do peso de cada componente que define os índices anuais de reajuste. Dos nossos 18 milhões de beneficiários – quase a metade dos brasileiros com acesso à saúde suplementar -, 4,3 milhões possuem planos individuais e familiares.

Para fixar o reajuste ano a ano, a ANS considera, principalmente, as despesas assistenciais, que hoje representam 80% do indicador, contra dois fatores de redução – a idade do beneficiário e a margem de ganho do setor, máxima de 3% a 4%. Esta equação tem acelerado a disparidade entre o aumento dos planos individuais e familiares e a inflação da saúde. O que, indo direto ao ponto, penaliza o cliente, tornando, cada vez mais, inacessível a aquisição desta modalidade de assistência médica pela maioria da população.

Ao contrário da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação na saúde é impactada por insumos (materiais, medicamentos, equipamentos e tecnologias, a maioria importada) de alto custo e necessidade permanente de atualização, que, somados à carga tributária, tornam o Brasil um dos mais caros do mundo. Enquanto o IPCA nos últimos anos acumulou 88% de crescimento, o custo da saúde subiu 326,32%. E aqui valem duas constatações. A primeira é que a remuneração médica é o que menos interfere na inflação do setor, e a segunda, que a tecnologia na medicina não é descartável; é acumulativa, aditiva e essencial. A ANS precisa considerar este componente vital que intensifica os nossos custos.

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