Mobilidade na agenda

O advento dos aplicativos mudou o modelo de transporte, mas a discussão de seu papel tem que passar, também, pelas implicações


Por Tribuna

24/11/2019 às 07h00

A audiência pública da última quinta-feira na Câmara Municipal, quando foi abordada a segurança dos aplicativos, deu margem para avaliação de uma questão que vai além das ocorrências que têm atormentado os profissionais que trabalham especialmente à noite no transporte da cidade (aplicativos, táxis ou ônibus). Há, é fato, necessidade de melhorar a segurança desses personagens, mas a audiência foi além, e de modo positivo.
Nesta edição, a Tribuna amplia a discussão ao jogar luzes na mobilidade urbana. Com a chegada dos aplicativos, a concorrência ganhou um novo formato, pois influenciam na performance dos taxistas e dos coletivos urbanos, que perderam usuários nos últimos anos. Como se trata de uma questão que veio para ficar, as autoridades precisam encontrar meios para garantir que todos ganhem, ou, pelo menos, que as perdas sejam menos impactantes.

O debate, porém, não se esgota aí. A chegada dos aplicativos dá margem, também, para aprofundar a discussão sobre a mobilidade. Se têm mais agilidade para atender, e representam um novo mercado de trabalho, também têm forte impacto no trânsito num momento em que a pauta se volta para a sua qualidade com a redução do número de acidentes nas metrópoles. Em Juiz de Fora, as estimativas apontam para cerca de quatro mil veículos. Se circularem ao mesmo tempo, terão forte influência no tráfego. Para especialistas, se nada for feito, as cidades, em algum momento, vão parar.

Achar caminhos é um desafio dos governos e da sociedade, mantendo a pauta aberta para se achar soluções. O custo para os usuários é um dado de grande relevância, mas, como ele próprio vai se beneficiar desse novo modelo, a discussão é mais ampla. No chamado primeiro mundo, o incentivo ao transporte público foi a forma utilizada para mudar o perfil das cidades, dando prioridade ao pedestre, com transporte de qualidade e preços adequados. No Brasil, ainda não se chegou ao modelo ideal, salvo em cidades como Curitiba. A pauta, pois, continua aberta.

A propósito, com o advento do período pré-eleitoral, a mobilidade deve ser uma das matérias a serem avaliadas pelos candidatos. O eleitor deve se interessar por uma questão que atinge sua rotina. Conhecer as propostas é uma prioridade.

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