Cooperativismo e educação pública
No último dia 8 de novembro, foi inaugurado o Coworking do Critt (Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia) da UFJF, um belíssimo espaço a ser compartilhado por organizações, pesquisadores, estudantes, professores e empreendedores na busca de inovação.
Mais uma brilhante iniciativa da nossa universidade pública, disseminando o conhecimento gerado nas pesquisas da instituição e arregimentando pessoas, para nivelar saberes e desenvolver ideias de interesse da sociedade. É a criatividade da UFJF indo além do ensino, pesquisa e extensão, desafiando o atual cenário de tantas restrições.
A Unimed Juiz de Fora, uma cooperativa de trabalho com 46 anos de existência, que congrega 1.500 médicos (80% deles egressos da gloriosa Faculdade de Medicina da UFJF), se sentiu muito honrada com o convite para compartilhar seu moderno modelo de gestão e o ecossistema de atenção integral à saúde. Com ele, praticamos uma medicina que coloca as pessoas em primeiro lugar, com acolhimento e respeito ao ser humano, resguardando sua saúde e prevenindo doenças.
Como uma cooperativa verdadeira, regida por valores e princípios estabelecidos em 1844, a Unimed Juiz de Fora tem, além de seu compromisso com a vida (sabemos que cuidar da vida é uma arte), responsabilidades socioculturais. A experiência de integração e compartilhamento no Coworking do Critt, na última segunda-feira (11/11), com uma rodada de pitches que incluiu seis das startups desenvolvidas na Universidade Federal, estreitou ainda mais nossas relações institucionais e a já longa parceria entre Unimed e UFJF.
Mais: tivemos a oportunidade ímpar de conhecer propostas de jovens empreendedores e suas respectivas empresas: Mais Laudo, Bem Melhor, Treinar Mais, Amplos, DAP e PlantMab. Todas de alto nível e de um futuro promissor. A importância desse encontro entre uma empresa cooperativa – detentora, por princípios, de responsabilidades sociais e culturais -, uma universidade pública e empresas jovens, que também se identificam com a valorização da pessoa humana e não simplesmente com resultados econômico-financeiros, nos traz um novo alento. E ficamos cada vez mais convencidos de que, com parcerias de excelência, é possível, sim, ter sucesso sem transigir.
Dessa forma, o cooperativismo e a universidade pública concorrem para o resgate da dignidade, somando, compartilhando, cooperando para incluir socialmente as pessoas, à medida que as valoriza como seres humanos também capazes de gerar riquezas e postos de trabalho.
Os sócios igualitários de uma cooperativa, donos e usuários dessa, têm a obrigação de administrá-la conscientes e por meio da autogestão, contribuindo para o resgate de valores que desapareceram ao longo do tempo. E, por sua vez, a universidade pública humaniza e garante o acesso ao conhecimento técnico-científico para todos.
Várias pesquisas apontam que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em regiões com forte presença de cooperativas é extremamente superior, fruto da responsabilidade social e cultural e do compromisso com a sociedade onde elas estão inseridas. É uma obrigação, assim diz nosso Sétimo Princípio.
A ideia do Coworking do Critt da UFJF foi genial. Sua concretização, um desafio gigante (mais um) vencido com muito trabalho e comprometimento da administração direta e de outros abnegados. E o convite à cooperativa Unimed e às startups, uma iniciativa brilhante. Agora, é esperar os frutos que certamente virão. Nada é fácil, mas, como nos ensina Viktor Frankl, neuropsiquiatra austríaco sobrevivente de campo de concentração nazista, “quem tem um porquê enfrenta qualquer como”.
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