Serviços em risco

A violência urbana coloca em xeque a prestação de serviços essenciais, como o transporte, implicando uma discussão profunda na busca de soluções


Por Tribuna

13/11/2019 às 06h54

É louvável a decisão da Câmara, por meio de um pedido coletivo, de instalar uma audiência pública para tratar da violência contra os motoristas de aplicativos. Bom será se no evento a situação dos taxistas também entrar na agenda, pois todos os que trabalham, especialmente à noite, com o transporte correm riscos, inclusive motoristas e trocadores de ônibus, que vira e mexe se encontram sob a mira de armas em assaltos. E tem também os motoboys, frequentemente surpreendidos na hora da entrega. Em vez do pagamento, são obrigados a ceder o pedido e ainda ficam sem os equipamentos.

As investigações iniciais apontam para um crime de alvo errado, isto é, os autores confundiram o jovem motorista com um adverso no tráfico, mas nada justifica o crime, mesmo sendo por engano. O preço da vida está muito baixo, embora seja um delito de viés irreversível. Ademais, há outros casos de violência contra os profissionais que devem entrar na audiência, para garantir que todos ganhem o pão e sustentem suas famílias sem o risco de sair de casa e não voltar.

O transporte público passou por mudanças substanciais pelo mundo afora com a chegada dos aplicativos. Em maior número, estabeleceram uma dura competição com taxistas e ônibus na busca do cliente, mas o debate não deve passar por esse caminho. A intenção dos vereadores, pelo menos foi a justificativa do pedido, é avaliar o que pode ser feito para reduzir os riscos dos profissionais do volante.

A cidade, como ocorre na maioria das metrópoles, tem áreas de sombra, nas quais o potencial de ocorrência é bem mais expressivo. Os próprios motoristas as conhecem, e, em muitas delas, já há restrições de viagem. Mas aí entra outra questão. Nessas regiões, também moram pessoas de bem que são privadas de atendimento por conta de criminosos que as tornaram párias da cidade.

É fundamental apontar saídas para garantir a execução de serviços sem privar a população. Isso só será possível com o trabalho de inteligência e ferramentas que usem a própria tecnologia disponível. Hoje é possível rastrear veículos, elaborar perfil de usuários e estabelecer alertas.

A Delegacia de Combate ao Homicídio, cuja margem de resolução é bem acima da média nacional, mais uma vez, agiu de pronto na identificação e prisão dos autores do crime. Isso só é possível com muito trabalho, dados atualizados e mapeamento das regiões por meios de perfis dos criminosos. É o clássico exemplo do trabalho de inteligência, que pode ser levado àqueles que transitam pela cidade na prestação de necessários e importantes serviços.

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