Obras inacabadas

A falta de continuidade em projetos tornou-se uma rotina no país sob o manto de várias motivações, desde políticas até a falta de previsão completa de gastos


Por Tribuna

10/11/2019 às 07h00

A descontinuidade de projetos públicos é uma rotina no Brasil, bastando ver o cenário de obras inacabadas incorporadas à paisagem das metrópoles e também dos municípios de pequeno e médio portes. Em alguns casos, por puro desinteresse do sucessor em terminar projetos deixados pela antiga gestão, temendo dar palanque ao adversário, sem se importarem com os danos para a população. Em outras situações, a não conclusão se dá pela falta de recursos diretos ou pela imprevisibilidade dos responsáveis pelo projeto, isto é, fizeram análise de custos, não se importando com o prazo de financiamento.

Em Juiz de Fora, há projetos parados para todos os vieses. O Hospital Regional, considerado a alternativa mais viável para atender a, cada vez maior, demanda da região, já passou por mais de uma administração e ainda tem o seu futuro incerto. O atual governador, Romeu Zema, abriu discussão para ver o que deve ser feito, pedindo, por edital, sugestão do setor privado, deixando margem, inclusive, para abrir mão de sua gestão.

Outro grande projeto é o Hospital Universitário, cujas obras continuam paradas à espera de novos repasses. Junto com o Hospital Regional, seria a principal alternativa para o atendimento de pacientes da região, tendo em vista Juiz de Fora ser um polo que acolhe demandas de toda a Zona da Mata e até do Rio de Janeiro.

Nesta edição, a Tribuna aborda o sistema teleférico do Jardim Botânico, que seria a etapa final do projeto – já inaugurado – sem, no entanto, qualquer previsão de execução. Há vários embargos que continuam impedindo a instalação dos equipamentos, sob o risco de ficarem sucateados ou bloqueados por impasses financeiros.

Iniciada na gestão Henrique Duque, a proposta de bondes que passariam pelo parque, a partir do Bairro Eldorado, teve bons propósitos, como o empreendimento completo, mas todos os indicativos passam pela possível falta de previsão de recursos para conclusão do projeto. Num cenário de desidratação das verbas para as universidades, a situação se agrava.

Esse caso mostra apenas o que acontece em outras ações, ficando clara a necessidade de discussão de novos modelos para implementação das obras. Ela se explicita em projetos sem a previsão financeira e outros tantos próprios do único interesse do administrador em deixar a sua marca.

 

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